O estudo é o primeiro levantamento global quantitativo a mostrar as falhas na comunicação entre os médicos que tratam crianças com asma e seus pais. Um dos objetivos do GAPP foi identificar as limitações dos tratamentos disponíveis atualmente para a enfermidade, cuja prevalência tem crescido aproximadamente 50% a cada década e o custo econômico suplanta o custo combinado da tuberculose e HIV/AIDS. Nos pacientes infantis, globalmente, a freqüência da doença dobrou nos últimos 20 anos.
A pesquisa, subsidiada pela ALTANA Pharma e conduzida pela Harris Interactive, foi realizada com cerca de 2 mil pessoas, em 9 países (Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Suíça), entre pais de crianças e adolescentes, com menos de 18 anos, portadores de asma, e médicos que tratam esses pacientes.
Muitos pacientes com asma subestimam a gravidade de sua doença e superestimam o grau de controle da asma. Segundo a pesquisa, 42% dos pais acreditam que a asma de seu filho causa menor ou maior grau de limitação de suas atividades cotidianas. Além disso, as entrevistas revelaram que, durante os últimos 12 meses, 8% das crianças haviam sido hospitalizadas e 15% levadas ao pronto-socorro, em virtude da asma.
“O tratamento efetivo de quadros crônicos é uma responsabilidade conjunta, que requer contínua comunicação entre médicos e crianças com asma e seus pais. O GAPP sugere haver muito espaço para melhorar esse diálogo em cada um dos países que estudamos”, declarou o Dr. G. Walter Canonica, da Universidade de Gênova, Itália, durante o congresso. “Um ponto de partida é o campo dos efeitos colaterais do tratamento, que influenciam na adesão à terapêutica e que, em muitos casos, os pais não são capazes de identificar.”
É comum ocorrer falta de adesão ao tratamento quando os pais se preocupam com os efeitos colaterais. Cerca de 30% dos pacientes que já apresentaram pelo menos um efeito colateral pularam doses e 15% suspenderam totalmente o tratamento. Ocorreram também mudanças na medicação por parte dos pais: em 18% dos casos devido à preocupação e em 12% por causa da experiência com efeitos colaterais.
A falta de adesão pode ser perigosa e exercer grande influência nos resultados clínicos. Em 75% das crianças que não seguem o tratamento adequadamente, observou-se, ao menos, uma das seguintes ocorrências: aumento de sintomas, em 66%; limitação de atividade física, em 48%; despertar noturno, em 46%; e maior freqüência de crises da asma, em 40%.
As conseqüências da não-adesão ao tratamento aumentam também os custos provocados pela asma, visto que 38% dos pais relataram aumento nas consultas médicas e 14% registraram mais hospitalizações ou consultas no pronto-socorro.
Outro dado do estudo revela que médicos e pais das crianças com asma têm opinião distinta quanto à adesão ao tratamento. Enquanto 59% dos pais garantem que os filhos seguem a prescrição adequadamente, somente 9% dos médicos acreditam que seus pacientes obedecem às orientações.
Segundo os profissionais, o fato de 95% dos pacientes terem dúvidas quanto às instruções terapêuticas, 88% não terem os sintomas sob controle e 86% dos pais não controlarem os sintomas em seus filhos demonstram que a instrução terapêutica não é observada.
Falha na comunicação
A falta de conhecimento dos pais sobre os efeitos colaterais pode ser atribuída à falha de comunicação entre os médicos e eles. Mais de metade dos pais – 58% no que diz respeito a efeitos colaterais de curto prazo e 66% no que diz respeito a efeitos colaterais de longo prazo – diz que nunca, ou raramente, conversam com os médicos sobre o assunto.
Do seu lado, 86% dos profissionais garantem que às vezes, ou sempre, discutem efeitos colaterais de curto prazo, como, por exemplo, rouquidão ou dor de garganta. Sessenta e cinco porcento afirmam que às vezes, ou sempre, discutem efeitos colaterais de longo prazo, como catarata ou glaucoma, enfraquecimento dos ossos ou alteração da densidade óssea e ganho de peso.
Muito embora os pais, em sua maioria, afirmem serem eles que questionam sobre os efeitos colaterais, mais de 69% dos médicos dizem-se responsáveis pela iniciativa.
“Os pacientes com asma, seus pais e os médicos que os tratam devem prestar muita atenção aos dados do levantamento, os quais mostram ser insatisfatória a forma como tratamos a asma atualmente”, disse o Dr Erkka J Valovirta, especialista em pediatria no Centro de Alergia de Turku, na Finlândia. “Com o aperfeiçoamento da educação do paciente, a maior comunicação entre médicos, pais e pacientes, e novos tratamentos, poderemos retificar algumas das questões apresentadas no estudo”.
Novos tratamentos
Apesar das diferenças de opiniões entre médicos e pais com relação ao tratamento da asma, eles concordam que a medicação disponível atualmente está aquém do ideal. Noventa e dois porcento dos profissionais acreditam que os corticosteróides inalados (CI) são os mais indicados. Entretanto, 18% não consideram a prescrição dos CI como tratamento de primeira linha para o paciente com asma leve persistente. Segundo as diretrizes da Iniciativa Global em Asma (GINA), a monoterapia com dose baixa de corticosteróide inalado constitui o tratamento de primeira linha recomendado na criança com asma leve persistente.
Surpreendentemente, 41% dos médicos declaram considerar a prescrição de b–agonistas de longa ação (LABA) e cerca de 48% receitam medicações de combinação (CI + LABA) como tratamento de primeira linha. De acordo com instruções de saúde pública, recentemente anunciadas pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para Assistência à Saúde (MHRA) e pela Administração de Alimentos e Drogas (FDA), ambas dos Estados Unidos, em virtude de aumento de mortalidade, os agonistas b2–adrenérgicos de ação prolongada não devem ser o primeiro tratamento, e só devem ser indicados quando os pacientes não responderem de forma adequada a outras medicações.
A maioria, 84% dos médicos, acredita haver necessidades não-atendidas na categoria terapêutica corticosteróides inalados. Dentre os atributos essenciais dos CI, como eficácia e conveniência, por exemplo, o grau mais baixo de satisfação expresso pelos médicos refere-se à questão dos efeitos colaterais, incluindo os locais e os sistêmicos. Em sua maioria, os profissionais concordam que é necessário uma nova terapêutica à base de CI, com eficácia e melhor perfil de segurança e tolerabilidade.
Para 80% dos pais seriam bem-vindas outras opções de tratamento da asma. Segundo eles, os atributos mais vitais do medicamento são a eficácia e menos efeitos colaterais. A dose única diária também é identificada por eles como atributo importante.
Sobre a asma
A asma é uma doença pulmonar crônica, potencialmente fatal, causada pela inflamação crônica das vias aéreas, e resulta na obstrução das vias aéreas em resposta a certos estímulos. Caracteriza-se por uma variedade de sintomas, incluindo chiado, aperto no peito, falta de ar e tosse. Segundo a Iniciativa Global para a Asma (Global Initiative for Asthma – GINA), mais de 300 milhões de pessoas no mundo têm a doença. As mortes por asma no mundo totalizam mais de 180 mil por ano.
No Brasil, a enfermidade atinge 11% da população, sendo que aproximadamente 5 milhões são crianças. Recentemente, a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – aprovou o Alvesco Pediátrico (ciclesonida), corticosteróide inalatório desenvolvido pela ALTANA Pharma, para o tratamento da asma em pacientes com mais de quatro anos de idade.
Segundo a pediatra Zuleid Mattar, vice-presidente da ABRA – Associação Brasileira de Asmáticos –, a asma é muito comum na infância, sendo que 90% das crianças iniciam seus sintomas antes dos cinco anos de idade. Desses, 50% podem manifestar a doença antes de completar um ano de vida.
A aprovação de Alvesco no Brasil, de acordo com a especialista, representa um acréscimo importante no arsenal terapêutico de uma doença ainda incurável e potencialmente fatal quando não tratada de forma adequada. “A terapia com a ciclesonida permitirá às crianças portadoras de asma utilizar um medicamento seguro, prático de usar e capaz de prevenir e controlar a doença com menos risco de efeitos colaterais. E, com apenas uma dose diária”, destaca Dra. Zuleid.