A crise econômica global pode gerar até 50 milhões de novos desempregados em 2009, de acordo com previsões divulgadas nesta quarta-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o relatório Tendências Mundiais de Emprego 2009, o agravamento da crise econômica pode fazer com que a taxa global de desemprego atinja 7,1% neste ano, comparado com 6% em 2008 (dados preliminares) e 5,7% em 2007.
Nesse caso, o número de desempregados pode chegar a quase 230 milhões – 50 milhões a mais do que os 179,5 milhões registrados em 2007, ano em que a economia global ainda não havia sido atingida pela atual crise.
A previsão da OIT é consideravelmente maior do que a divulgada em outubro de 2008, quando o órgão projetou que o número de desempregados poderia aumentar em até 20 milhões de pessoas neste ano.
“A mensagem da OIT é realista, não alarmista. Nós enfrentamos uma crise global do emprego”, afirmou o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
Essas previsões são feitas com base no cenário mais pessimista projetado pela OIT no relatório, no qual a situação econômica continuaria a se deteriorar no ritmo atual.
“A crise financeira atual procovou uma redução grave no crescimento econômico, inclusive recessão em grandes países industrializados. As empresas pararam de contratar e estão demitindo trabalhadores em números significativos”, diz o relatório.
O documento prevê a possibilidade de estagnação ou até mesmo reversão das tendências positivas observadas até 2007.
Crise
Além deste cenário mais pessimista, a OIT fez previsões baseadas também em dois outros possíveis desdobramentos para a crise.
O primeiro cenário – e também o mais otimista – é baseado em projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas em novembro de 2008, quando o órgão previu uma retração de 2,2% no crescimento econômico para este ano.
Com base nesses dados, a OIT prevê que o desemprego poderia chegar a 6,1% em 2009 e fazer o número de desempregados aumentar em 18 milhões de pessoas.
O FMI divulgará nesta quarta-feira uma nova previsão de crescimento global que deve ficar muito abaixo da contemplada no cenário mais otimista da OIT.
A OIT analisou ainda um segundo possível cenário para o impacto da crise no desemprego. Usando como base a relação do crescimento econômico e o desemprego em tempos de crise, o órgão prevê uma deterioração mais amena que faria com que o desemprego atingisse 6,5%.
Nesse cenário, o número de novos desempregados poderia chegar até 30 milhões de pessoas.
América Latina
No cenário mais negativo da OIT, a taxa de desemprego na América Latina teria um aumento significativo.
Apesar de não divulgar informações detalhadas por país, os dados preliminares de 2008 indicam que esse índice teria atingido 7,3% – um aumento de apenas 0,1 ponto percentual em comparação com 2007.
No entanto, as previsões para esse ano sugerem que a taxa de desemprego na região poderia chegar a 8,3% – um aumento de um ponto percentual. O desemprego atingiria, dessa forma, 23 milhões de pessoas na região.
Apesar de significativo, o aumento na taxa de desemprego previsto para a América Latina é menor do que as projeções para os países desenvolvidos e da média global.
Enquanto a taxa de desemprego subiu 1 ponto percentual na região – do índice de 2007 em relação às previsões para 2009 -, nos países em desenvolvimento essa elevação teria sido de 1,5 ponto percentual.
Segundo o documento, a taxa de desemprego nos países em desenvolvimento foi de 5,7% e de 6,4% em 2008. De acordo com as previsões, o índice pode chegar a 7,9% em 2009.
Esse aumento é ainda maior do que o da média global, que registrou uma taxa de 5,7% em 2007, teria atingido 6% em 2008 e chegaria a 7,1% neste ano.
Pobreza
No pior cenário previsto pela OIT, a crise pode ainda fazer com que 200 milhões de trabalhadores sejam levados para abaixo da linha da pobreza, principalmente nos países em desenvolvimento.
O total de trabalhadores em família com renda inferior a US$ 2 per capita poderia subir para 1,4 bilhão, o equivalente a 45% do total.
De acordo com a OIT, os governos podem contribuir para amenizar o impacto da crise nas famílias e para preparar o período de recuperação.
Entre as medidas recomendadas pela organização está o investimento público em infraestrutura, o apoio a pequenas e médias empresas, uma maior cobertura de benefícios de desemprego e esquemas de seguro, entre outras.
U.Seg