domingo, 22/12/2024
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Crise no agronegócio abala venda de veículos usados

Abalada pela crise do agronegócio, o setor de revenda de veículos de Mato Grosso viveu nos primeiros meses deste ano o seu pior momento. Os negócios apresentaram queda em todos segmentos automotivos, com destaque para os utilitários (comerciais leves), caminhões e tratores. Em algumas regiões do Estado as vendas de tratores, máquinas e colheitadeiras chegaram a despencar até 60% por conta do endividamento dos produtores e dos preços das commodities no mercado internacional.

“Podemos classificar este ano como o mais crítico para o setor”, analisa o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Nacional e Importados, Tratores, Colheitadeiras e Motos do Estado de Mato Grosso (Sincodiv), Paulo César Boscolo.

Os números são claros quando se faz uma comparação com o desempenho do setor em nível nacional. Enquanto o mercado brasileiro registrou este ano um incremento de 9,5% no número de novos licenciamentos de veículos comerciais, caminhões e ônibus, em Mato Grosso houve um recuo de 15,30% em relação ao período de janeiro a setembro de 2005.

As estatísticas do Sincodiv mostram queda acentuada nas vendas em 2005 e neste ano. De acordo com o sindicato, nos primeiros nove meses de 2004 foram comercializados 17,04 mil veículos. No ano passado, no mesmo período, este volume caiu para 15,63 mil unidades e, este ano, foram vendidos apenas 11,90 mil veículos. Os números referem-se a todas as categorias e modelos.

“Se levarmos em conta apenas a venda de caminhões, tivemos uma retração de 51,45% este ano”, frisa Boscolo.

No caso dos veículos pesados, utilizados na agricultura – máquinas, tratores e colheitadeiras – o recuo foi maior: 60%.

Para os utilitários (comerciais leves), como as caminhonetes e pequenos carros de serviço, a queda chegou a 16,42%. Carros de passeio e demais automóveis de pequeno porte tiveram retração de 10,47% no período de janeiro a setembro deste ano.

Boscolo conta que a crise começou em 2005 e atingiu o seu ápice este ano. “A safra foi vendida a um preço muito baixo, pois o produtor plantou em 2005 com o dólar a R$ 2,70 e vendeu este ano com o câmbio em R$ 2,25. Os produtores não suportaram a perda de renda e tiveram que cortar gastos com investimentos”.

Segundo o presidente do Sincodiv, o setor de peças e serviços também caiu e o desemprego na área de pós-venda aumentou pelo menos 10% no período.

O sindicato conta com 96 filiados, mas no total são cerca de 130 empresas que empregam atualmente 4,5 mil pessoas. Em 2004, o setor chegou a empregar 5 mil pessoas.

IMPORTADOS – O Sincodiv aponta queda em torno de 20% nos preços dos veículos importados. “Esta queda, entretanto, não refletiu em aumento de vendas, pois não houve uma melhora no poder aquisitivo da população”, analisa Boscolo.

Segundo ele, as vendas por meio de financiamento aumentaram de 20% para 50%, motivadas pela queda das taxas de juro, que atualmente estão na casa de 2%, variando conforme o volume de prestações. Há dois anos, a taxa média era de 2,4% para financiamentos entre 24 e 36 meses, o plano mais procurado pelos clientes.

DC

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Parmenas Alt
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