domingo, 24/11/2024
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Crise continuará a atrapalhar PIB brasileiro em 2013, dizem economistas

 

As maiores economias do mundo devem "patinar" novamente em 2013 e atrapalhar a retomada de um crescimento mais acelerado no Brasil, acreditam economistas. O principal contágio ocorreria através da queda nas exportações e na atividade industrial, mais dependente do cenário externo. O IBGE divulga amanhã o PIB do terceiro trimestre, projetado para fechar o ano em torno de 1,5%.

A indústria, que representou 23% do PIB no ano passado, deverá ficar totalmente estagnada em 2012, de acordo com Confederação Nacional da Indústria (CNI). O maior impacto da crise, para a CNI, ocorre na formação bruta de capital fixo, que reflete os investimentos realizados no País. Segundo analistas, o setor também terá problemas para retomar o crescimento no ano que vem.

– Veja mais: confiança da indústria recua em novembro, diz FGV

"A economia global está desaquecendo, caminhando para uma nova recessão. Os índices PMI (que mede intenção de compra na indústria) estão caindo na Europa, nos EUA e na China. A tendência é de queda na produção industrial", diz José Carlos dos Reis Carvalho, sócio e analista de macroeconomia da carioca Paineiras Investimentos.

Na avaliação do economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Antonio Correa de Lacerda, o País deverá apresentar um desempenho melhor no ano que vem, mas os efeitos da fraca expansão da economia internacional serão sentidos. Para Lacerda, o setor de commodities e a indústria serão afetados por esse quadro, contribuindo com uma alta menos expressiva da atividade econômica.

“Com a Europa ainda patinando e um crescimento tímido nos Estados Unidos, a China deve nos salvar se apresentar um crescimento entre 7% e 8%”, diz Lacerda. “Como o país asiático é grande comprador de matérias-primas do Brasil, os preços das commodities metálicas devem, ao menos, parar de cair”, complementa.

O crescimento chinês está em um patamar mais baixo após a turbulência global, alerta Carvalho. Nos tempos pré-crise, o PIB do país crescia a 12% ao ano. Caiu para 6% durante o período de maior turbulência e agora parece se acomodar em torno de 7%. "A Alemanha, outra 'casa de força' do crescimento mundial, segue a mesma tendência", afirma Carvalho.

As projeções de Lacerda apontam uma possibilidade de crescimento em torno de 4% para o PIB em 2013. Mas esse crescimento deve continuar sendo amparado, como nos anos anteriores, pela força do mercado interno. A taxa de juros básica no menor patamar da história e o mercado de trabalho aquecido tendem as ser pilares dessa sustentação.

 

Além da indústria, outro contágio se daria pela queda do comércio internacional. O crescimento das exportações mundiais, que se dava num ritmo anual entre 10% e 20% antes da crise, agora é próximo de zero. No Brasil, as exportaçõs representam cerca de 12% do PIB. Elas cresciam entre 30% e 40% antes da turbulência, e devem fechar o ano com recuo de 10%. "Isso significa que estamos correndo com sapatos de chumbo para fazer o PIB crescer", diz Carvalho.

– Mais: Vale diz que relação com a China não avançou tanto quanto esperado

"O Brasil parece ter entrado numa armadilha do baixo crescimento, e isso dificilmente se reverte no curto prazo. Estamos nos consolidando como um país de baixa produtividade e baixo crescimento", diz Maílson da Nóbrega, ex-Ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria. "A economia mundial está menos favorável, o mundo deve crescer pouco nos próximos anos, principalmente a Europa", afirma.

Carvalho teme também que um possível recrudescimento do protecionismo, comum em épocas pós-crise, atrapalhe a retomada do comércio. "Muita gente diz que o ano de 1932 foi pior do que 1929 (quebra da bolsa de NY), porque os países se tornaram mais protecionistas após a crise", diz Carvalho. "O Brasil também dá claros sinais de retorno ao protecionismo", completa Maílson.

"Vai ser um ano complicado, acho difícil ver qualquer crescimento em países como Portugal e Espanha. A França e a Alemanha devem ter crescimento perto do zero. Sou um pouco mais otimista com os EUA, acho que republicanos e democratas devem chegar a um acordo sobre a questão fiscal", diz Jankiel Santos, economista-chefe do português Banco do Espírito Santo. Ele também prevê expansão de 4% em 2013, mas amparada no mercado interno.

O crescimento do PIB global girava em torno de 4% antes de 2009. No auge da crise, em março de 2009, ele chegou a ser negativo em 3%. O dado voltou ao patamar pré-crise no ano seguinte, mas, de lá para cá, tem seguido tendência de queda.

 

 

 iG Economia

 

 

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Parmenas Alt
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