Quando um país está em guerra ou passa por crise profunda, o envio de missões humanitárias deveria ser sinônimo de alívio.
Mas mesmo quem vem para ajudar pode praticar pedofilia, de acordo com o relatório “No One To Turn To” (Ninguém para pedir ajuda), realizado pela organização não-governamental (ONG) britânica Save The Children. Funcionários ligados a 23 ONGs e tropas de ajuda humanitária enviadas para a Costa do Marfim, Sudão e Haiti abusaram sexualmente de crianças em 2007, segundo o documento.
Foram ouvidas 340 pessoas que vivem em estado de emergência nos três países, sendo 129 meninas e 121 meninos com idades entre 10 e 17 anos, assim como 36 homens e 54 mulheres adultos. No Haiti, as tropas de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) são lideradas pelo Exército brasileiro.
As principais vítimas são meninas de 14 e 15 anos.
Entre os tipos mais recorrentes de abusos está a troca de comida por sexo. Mas há ainda casos de estupro, agressões verbais, tráfico para prostituição, escravidão sexual e filmagem ou fotografia das crianças nuas.
Sem citar nomes, os autores do documento garantem que os responsáveis pelos abusos são encontrados em todo tipo de organização de paz e segurança. Outra conclusão é que muitos casos ficam sem solução ou não são denunciados por estigma, medo, ignorância e falta de local apropriado para fazê-lo.
Em nota, o Ministério da Defesa do Brasil assegurou: “as acusações citadas não têm relação com as tropas brasileiras. O comportamento dos militares brasileiros é exemplar. (…) O mesmo comportamento é exigido, por parte do comando brasileiro, das tropas de outros países participantes da missão, fazendo valer a política da ONU, que é de tolerância zero com abusos”. (G.B.)
F.Uni