O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), se reuniu com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen Gracie, e fez um apelo para que seja retirado o sigilo dos processos contra os 57 parlamentares suspeitos de integrar a máfia das ambulância. Biscaia defendeu a divulgação imediata dos nomes investigados pelo Ministério Público Federal (MPF) pela compra superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento da União, mas a decisão foi adiada para próxima semana.
“Esses nomes têm de ser divulgados para acabar com as especulações”, afirmou o presidente da CPI, que deve estender as investigações até o fim do ano. Inicialmente prevista para encerrar os trabalhos mês que vem, a comissão passará a apurar o esquema em outros ministérios, como das Comunicações, da Ciência e Tecnologia e de Educação.
No dia 25, a CPI ouvirá o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, que deixou ontem a prisão depois de negociar a delação premiada. Vedoin, um dos donos da Planam — principal empresa acusada do esquema —, depôs durante 10 dias na Justiça Federal, em Mato Grosso. Ele pôs sob suspeita 80 parlamentares, entre eles três senadores.
SENADORES SE DEFENDEM
Um dos nomes citados, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) subiu à tribuna ontem e chorou ao afirmar que não está envolvida com a máfia das ambulâncias. Além dela, também teriam sido mencionados o nome do senador Magno Malta (PL-ES) e do líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB). Serys recebeu o apoio de senadores tanto de oposição como governistas.
Em nota, Malta também se defendeu. Ele disse que nunca teve contato com o dono da Planam e deve processá-lo. “Trata-se de uma insanidade, feita de forma leviana, errada, injusta e caluniosa”, afirmou no texto.
SUSPEITA NA PARAÍBA
O Ministério Público instaurou inquéritos civis para apurar possível prática de improbidade administrativa na aquisição de ambulâncias da Planam e equipamentos médicos para unidades móveis pelas prefeituras das cidades paraibanas de Cacimba de Dentro, em 2004, e de Cubati, em 2005. Os equipamentos foram adquiridos da Frontal, empresa com sede em Cuiabá (MT).
Partidos pedem cassação de dois suspeitos
O PPS, o PSOL e o PV entregaram ontem, no Conselho de Ética da Câmara, pedido de cassação do mandato dos deputados João Caldas (PL-AL) e Nilton Capixaba (PTB-RO), investigados no esquema da máfia das ambulâncias. Eles fazem parte da Mesa Diretora. Como se trata de representações apresentadas por partidos políticos, o pedido pode ser encaminhado direto ao Conselho de Ética.
Presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) sinalizou que não afastará os dois da Mesa. Ele disse que seguirá o que o Regimento Interno determina. No documento, não há previsão de afastamento da Mesa de envolvidos em irregularidades.