O “círculo de influência” do esquema de compras ilegais de ambulâncias por meio de emendas parlamentares com recursos do Orçamento pode ser descoberto analisando os extratos bancários encontrados na casa do dono da Planam, Luiz Antônio Trevisan Vedoin – após a prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha, acusados de tentar comprar o dossiê para o Partido dos Trabalhadores (PT). A tese é do sub-relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas, deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE).
Segundo o deputado, os extratos podem revelar as empresas que teriam recebido dinheiro a pedido de Abel Pereira, citado por Luiz Antonio Vedoin como um intermediário das licitações do Ministério da Saúde na época em que Barjas Negri era ministro, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Neste período, “era fácil conseguir as emendas, foi a época em que a Planam aumentou os contatos”, afirma o deputado petista. Segundo a CGU, a Planam teve convênios no valor total de R$ 27 milhões em 2002. Um montante de cerca de 30% maior em relação ao total apurado desde antes de 2000.
“Há muito mais documentos, o dossiê parece uma piada se comparado ao material apreendido”, afirma Paulo Rubem Santiago. A CPI vai pedir ainda hoje (9) à Justiça Federal uma cópia do inquérito policial e de todo o material apreendido pela PF na investigação da tentativa de compra de dossiê contra políticos tucanos.
Para o deputado, insistir na origem do dinheiro não vai trazer o resultado esperado. “Jamais se identificará a fonte de parte desses recursos porque são fracionados”. Segundo ele, “foram juntando aos pouquinhos de várias partes”. “Foi uma operação irresponsável do PT de São Paulo, uma armação para tentar influenciar na campanha, uma brutal irresponsabilidade num momento eleitoral”, afirma Paulo Santiago.
A investigação do dossiê envolve a Polícia Federal, a Justiça Federal e, agora, também a CPI dos Sanguessugas. Os três também continuam a apuração do mecanismo das fraudes das ambulâncias chefiado pela empresa Planam.
AB