A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada em dezembro do ano passado para investigar o superfaturamento nas obras de reforma da Câmara Municipal de Cuiabá entrou em sua última fase, quando começou o ouvir os envolvidos.
O primeiro convocado a prestar esclarecimentos foi o engenheiro Carlos Anselmo, responsável pela obra, que foi cedido à Câmara de Cuiabá pela Secretaria Municipal de Habitação, através de um Termo de Cooperação Técnica firmado entre as duas instituições.
Inicialmente, caberia ao engenheiro desenvolver todo o projeto da reforma, fazendo a quantificação de materiais e o orçamento. Mas, segundo Anselmo, quando ele se apresentou à Câmara, no dia 28 de dezembro, ele foi informado de que todo o processo estava pronto, inclusive o projeto e os orçamentos e, que no dia seguinte, já seria realizada a licitação para contratar a executora da obra.
Segundo o engenheiro, nesse mesmo dia ele foi designado pelo então presidente da Casa, o vereador Deucimar Silva, para fiscalizar a obra, o que representava acompanhar a parte elétrica, hidráulica, sanitária e as estruturas – além do cronograma da obra. Contudo, em sua declaração o engenheiro afirmou que o cronograma nunca existiu.
Durante a execução da obra o engenheiro acompanhou e assinou documentos, inclusive planilhas de custos e atestados, mas em sua declaração ele afirmou que só teve acesso aos documentos quatro meses após o início das obras. Ele declarou ainda que tudo que fez “foi de boa fé, eu estava entusiasmado e queria deixar seu chefe (o secretário João Emanuel) e o presidente (da Câmara de Cuiabá) satisfeitos”.
Entre os diversos questionamentos feitos pelos membros da CPI, quando perguntado se ele não havia notado os valores superfaturados, o engenheiro declarou, “executei a obra com base no que foi homologado pelo presidente. Quando uma obra é aprovada, licitada e homologada não cabe ao engenheiro questionar valores. Não percebi os preços e executei o trabalho para qual fui designado”, afirmou Carlos Anselmo.
Após a oitiva, o presidente da CPI, o vereador Edivá Alves (PSD), declarou à imprensa que “a situação complicou-se um pouco mais, porque o engenheiro disse que não fez nada e apenas assinou as planilhas, sem ler”, demonstrando “extrema inocência ou irresponsabilidade”, frisou.
O próximo a ser ouvido é o representante da Alos Construtora, que há dias vem sendo procurado para receber a intimação, mas até o momento não foi encontrado. Segundo os membros da comissão, como a convocação se tornou pública através da imprensa e, foram enviados e-mails à empresa, além de serem deixados recados, a convocação está mantida para esta tarde, ás 15 horas. Na próxima sexta-feira (23), quem deverá prestar esclarecimentos é o vereador Deucimar Silva (PP).
Luciana de Oliveira Pereira