Não demorou nada. Dilma ainda nem tomou posse e já anunciou que suas promessas eram exclusivamente eleitorais.
Nesta semana, seu ministro da fazenda, já confirmado, o inefável Guido Mantega, declarou que, para evitar aumento da inflação, haverá corte de gastos.
Ressalvou que os cortes não afetarão o Bolsa Família, mas provocarão paralisação de obras, inclusive as do PAC.
Fica, portanto, confirmado o que dissemos na campanha eleitoral, e que foi negado de pés juntos pela candidata. A catadupa de cifras relativas aos gastos para atender à saúde, educação, contração de construção de casas, criação de empregos e não sei mais o quê, não passava de promessas eleitoreiras.
Em vão tentei, nos debates televisados, advertir a população do engano em que estava caindo. A paixão pelo Lula é tamanha que não houve meios de convencê-la.
A afirmação de que o Bolsa Família não será afetado requer qualificação: os atuais beneficiários não sofrerão com o corte, mas todos sabemos que apenas uma pequena porcentagem das famílias que têm dificuldade para adquirir alimentos continuará sendo beneficiada, pois, evidentemente, o programa será congelado.
Quem votou em Dilma na esperança de ser incluído no programa, ficará a ver navios.
O mesmo acontecerá com os que votaram na ilusão de ter ingressado na classe média. O corte de investimentos causará aumento do desemprego e o desempregado, cheio de dívidas, vai sentir na carne o preço do seu voto. Nessa hora realizará que, ao levar uma geladeira para casa, não ingressou na classe média, porque seu filho não consegue sequer ser alfabetizado na escola pública e sua família, se ficar doente, vai levar meses para ser mal atendida em hospitais desprovidos do mínimo para um atendimento aceitável.
Só lembrando a piada daquela alma que foi para o céu, mas se sentiu entediada com aquela pasmaceira e pediu para ir para o inferno. São Pedro, prudentemente, aconselhou-o a fazer previamente uma experiência. A alma foi e ficou contentíssima. Era só farra. Voltando, confirmou seu desejo e foi definitivamente para o inferno. Desta vez, porém, em vez da folia, só tinha trabalho e repressão. Revoltado, perguntou o porquê da mudança. O diabo respondeu-lhe: “Ah! Meu velho. Naquele tempo estávamos em período eleitoral”.
Nem tudo estará perdido, se pelo menos a experiência valer para as próximas eleições e as forças de esquerda conseguirem dialogar com a população sobre a importância da construção de um projeto verdadeiramente socialista para o Brasil. Veremos.
TerraMagazine
Plínio de Arruda Sampaio