Após cobrança de dívida pela Caixa e com Arena no Serasa, especialista explica as consequências que o clube poderá sofrer diante da atual situação
Notificado pela Caixa sobre a execução da dívida de cerca de R$ 500 milhões referente ao financiamento de seu estádio , e vendo a Arena Itaquera S/A sendo incluída no Serasa, o Corinthians atravessa um momento delicado após a construção de sua sonhada casa, inaugurada há cinco anos. Mas, na prática, quais são as consequências para o Timão diante do atual cenário?
Na presente situação vivida pelo Corinthians , é inevitável que surjam questionamentos em torno de uma possível perda do estádio , no entanto, a chance disso acontecer é quase nula, como explica o advogado especialista em direito desportivo, Daniel Kalume:
“O risco é remoto. Existe um risco de a Caixa começar a ter mais gerência sobre o estádio, existe o risco dos contratos de naming rights saírem prejudicados, existe o risco de um percentual maior das receitas do estádio ficarem com a Caixa, mas o risco de o clube perder o estádio ou parar de jogar nele é pequeno”, afirma Kalume.
Segundo o advogado, a inclusão da Arena no Serasa representa ao Corinthians, sobretudo, um dano no aspecto reputacional. Já em termos financeiros, o risco gira em torno de ter menos receitas disponíveis para pagar os jogadores e outras despesas do clube.
O empréstimo do Corinthians junto à Caixa foi de R$ 400 milhões. Segundo o Timão, R$ 170 milhões já foram pagos e, considerando juros e correções, a dívida atual é de R$ 480 milhões. Para a Caixa, no entanto, os valores são diferentes. O banco cobra um total de R$ 536 milhões.
Para contornar a situação, o mais provável é que o Corinthians renegocie a dívida com a Caixa. Na semana passada, o presidente do clube, Andrés Sanchez, sinalizou esta possibilidade , mas de uma forma não muito amistosa, ao dizer que “vai ter um acordo, mas do jeito que a gente quer”.
Em caso de não renegociação da dívida, a Caixa poderá tomar algumas providências. “O banco tem diversas garantias a executar, pode penhorar receitas do estádio, como a bilheteria dos jogos, penhorar o Parque São Jorge ou até mesmo exigir o controle sobre as decisões relativas ao estádio”, explica Kalume.
“Obviamente, o que a Caixa pode fazer e o que ela deve fazer são duas coisas distintas. Como o negócio do banco não é a aquisição e manutenção de propriedades, nem a administração de estádios, é mais provável que a Caixa simplesmente penhore as receitas do estádio até a renegociação”, diz o advogado.
Atualmente, as receitas vindas da bilheteria dos jogos realizados na Arena Corinthians já estão comprometidas para o pagamento do estádio. Porém, segundo Daniel Kalume, é possível que receitas futuras ainda não comprometidas possam ser usadas pela Caixa como garantia, no intuito de melhorar um possível acordo.
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