A Coreia do Norte anunciou hoje segunda-feira (noite de domingo, no Brasil) ter realizado “com sucesso” um novo teste nuclear e ameaçou executar novas ações, em um desafio aberto à comunidade internacional. O regime ditatorial de Pyongyang desconsiderou, assim, as pressões internacionais que tentam obrigar o país a renunciar às ambições atômicas.
A agência oficial de notícias da Coreia do Sul –Yonhap– noticiou ainda que a Coreia do Norte lançou três outros mísseis de curto alcance. A informação não foi confirmada.
Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e União Europeia manifestaram “grande preocupação”, assim como Coreia do Sul e Japão. A China, principal aliada da Coreia do norte e com poder de veto no Conselho da ONU, ainda não se pronunciou.
Segundo comunicado da Coreia do Norte, a nova bomba é mais potente que a utilizada no teste anterior, em outubro de 2006, que levou o país a sofrer sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
“De acordo com a demanda dos nossos cientistas e técnicos, a nossa república realizou com sucesso um teste nuclear subterrâneo em 25 de maio […] como parte das medidas para reforçar sua potência nuclear em autodefesa”, afirmou o governo da Coreia do Norte segundo a KCNA, agência oficial do país. O teste foi realizado “em um novo nível, mais elevado em termos de força explosiva e de tecnologia de controle”, continua o comunicado.
Pyongyang mencionava a ameaça de represálias –incluindo um novo teste nuclear– desde que, no mês passado, o Conselho de Segurança da ONU condenou o lançamento de um foguete de longo alcance que sobrevoou o Japão no dia 5 de abril.
A Coreia do Norte ameaçou ainda realizar mais testes, caso os Estados Unidos prossigam com o que chamou de “política de intimidação”, afirmou um funcionário da embaixada norte-coreana em Moscou.
Reações
O presidente americano, Barack Obama, condenou o que considerou “uma ameaça para a paz” e pediu uma “ação da comunidade internacional”. “Estas ações, que não são uma surpresa dadas as declarações e as ações até este momento, são um tema grave que envolve todas as nações”, afirmou Obama.
Os governos do Japão e do Reino Unido afirmaram nesta segunda que o novo teste seria uma “violação clara” das resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas).
“Se a Coreia do Norte realizou o teste nuclear, é uma clara violação das resoluções da ONU”, disse o porta-voz do governo japonês, Takeo Kawamura. “É absolutamente inaceitável. O Japão realizará ações contra a Coreia do Norte”, afirmou.
O governo do Japão montou um gabinete de crise e convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. Já o secretário de Relações Exteriores britânico, Bill Rammell, também denunciou a violação das resoluções.
O governo da França pediu que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) imponha “sanções mais firmes” contra a Coreia do Norte.
Reunião na ONU
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta segunda-feira em Nova York, às 17h de Brasília, anunciou o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.
O CS tem o poder de impor sanções aos membros da ONU, mas decisões de caráter militar ou duras reprovações de governos são raras devido à necessidade de maioria entre os 15 membros e de concordância unânime dos cinco países com assentos permanentes –EUA, China, França, Reino Unido e Rússia. Os outros dez membros exercem mandatos rotativos.
Aliada tradicional da Coreia do Norte, a China é o único dos membros permanentes a não ter se manifestado sobre o teste desta segunda-feira.
O governo norte-coreano advertiu em 29 de abril que iria realizar o seu segundo teste nuclear, em protesto contra a advertência do Conselho de Segurança da ONU de repreender o país pelo teste de um foguete de longa distância, em 5 de abril passado.
Também em abril, como reação, a Coreia do Norte informou que havia reiniciado o processo para extrair plutônio em Yongbyon, sua principal usina nuclear.
No mês passado, a Coreia do Norte expulsou técnicos da AIEA (agência atômica da ONU). Pyongyang abandonou ainda o Grupo dos Seis (EUA, Rússia, Japão, China e as Coreias), fórum das negociações que culminaram no desligamento do reator nuclear de Yongbyon, em 2007, após o primeiro teste.
O regime comunista liderado pelo ditador Kim Jong-il testou a sua primeira bomba nuclear em outubro de 2006. Após sofrer sanções do Conselho de Segurança da ONU, o país passou a negociar vantagens e ajuda internacional em troca do abandono do programa.
F.Online