Pela primeira vez desde julho do ano passado, os juros básicos da economia voltaram a subir. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou na quarta-feira (19) a taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Com isso, o índice subiu de 10,75% para 11,25% ao ano. Como foi a primeira reunião do Copom este ano, o governo Dilma Rousseff começa com reajuste da Selic.
A decisão fez a taxa Selic voltar ao nível de março de 2009. Em comunicado enviado à imprensa, o Banco Central (BC) indicou que o aumento é apenas o início de uma série de ajustes nos juros básicos. “O Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,25% ao ano, sem viés, dando início a um processo de ajuste da taxa básica de juros, cujos efeitos, somados aos de ações macroprudenciais, contribuirão para que a inflação convirja para a trajetória de metas”, informou a autoridade monetária no comunicado.
O reajuste sem viés significa que o BC não revisará os juros básicos até a próxima reunião do comitê, no início de março. Juros mais altos facilitam o combate à inflação, à medida que encarecem o crédito e reduzem o consumo. Depois de fechar 2010 em 5,91%, no maior nível desde 2004, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não aponta sinais de desaceleração, segundo analistas financeiros.
De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições de mercado divulgada pelo Banco Central (BC), na última segunda-feira (17), o índice deve encerrar o ano em 5,47%.
A meta determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano é de inflação de 4,5%, com tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. O BC tem que atuar para que a inflação anual fique em torno do centro da meta.
Esta foi a primeira reunião do Copom liderada pelo novo presidente do BC, Alexandre Tombini. Além do presidente da instituição, o comitê também é formado pelos diretores do banco. Funcionário de carreira do BC, Tombini substituiu Henrique Meirelles, que ficou os últimos oito anos no comando da autoridade monetária.
Apesar de ajudar no controle da inflação, a elevação da taxa Selic tem impacto sobre as contas do governo ao encarecer a dívida pública. Os juros altos também têm efeitos sobre o câmbio ao estimular a entrada de dólares e a valorização do real. O dólar barato favorece o controle dos preços, à medida que impulsiona as importações de produtos que competem com similares brasileiros, mas prejudica as exportações, pois os bens nacionais perdem competitividade no exterior.
Fonte:
Agência Brasil