quinta-feira, 21/11/2024
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Copacabana e Barra da Tijuca podem desaparecer devido ao aquecimento global

Quando acontecer o encontro para negociações climáticas ainda no mês de novembro, haverá uma nova discussão urgente à mesa: o aquecimento global e o possível aumento de mais de 3 graus Celsius (°C) na média de temperaturas no planeta Terra. Até agora, os esforços para alcançar as metas do Acordo de Paris traçavam um limite de 2 °C em relação às temperaturas encontradas no período pré-industrial. Contudo, as últimas projeções apontam que o crescimento no termômetro terrestre apresentará um crescimento de 3,2 °C até o ano de 2100.

Desse modo, com as novas projeções realizadas, as metas sobre o aquecimento global parecem ter ficado ainda mais distantes de serem cumpridas. “Nós ainda estamos vivendo uma situação em que não realizamos o suficiente para salvar centenas de milhões de pessoas de um futuro miserável”, alerta o chefe de meio ambiente da ONU, Erik Solheim, antecipando o tema a ser discutido na Conferência em Bonn, na Alemanha. 

Uma das grandes consequências do aumento de temperatura no planeta está a mudança no nível do mar, ou seja, a expansão da água por causa do derretimento das geleiras dos polos norte e sul – o que, por sua vez, atinge dezenas de cidades litorâneas de todo o mundo.

Cientistas da organização não governamental “Climate Central” estimam que 275 milhões de pessoas em todo o mundo vivem em áreas que podem, eventualmente, sofrer inundações caso o aquecimento seja de 3 °C. Uma delas é o Rio de Janeiro, onde hoje vive 1,8 milhão. Veja lista de cidades que podem ser atingidas:

Rio de Janeiro, Brasil (1,8 milhão de pessoas afetadas)

A cidade do Rio, que é cartão-postal do Brasil, tem muitos motivos para se preocupar em relação ao aquecimento global – mesmo que muitas pessoas não saibam disso. Segundo a ONG, em um cenário de aumento de 3 °C no termômetro, não só a praia de Copacabana sumiria do mapa como também as áreas da Barra da Tijuca, por exemplo.  

Rio de Janeiro está entre cidades que podem ser inundadas por aquecimento global, diz ONUReprodução/The Guardian

Rio de Janeiro está entre cidades que podem ser inundadas por aquecimento global, diz ONU

No ano passado, a administração municipal e a Universidade Federal do Rio de Janeiro produziram um estudo chamado “Estratégias para Adaptação às Mudanças Climáticas”. Segundo a pesquisa, “o desafio atual consiste em aprofundar conhecimento e monitoramento de fenômenos oceânicos e a evolução do leito marinho e da costa", disse uma porta-voz da Secretaria do Meio Ambiente ao jornal “The Guardian”.

Ainda de acordo com a administração municipal, “um ‘plano de adaptação’ para a mudança climática, produzido com professores da universidade federal, sugeriu estratégias para lidar com vulnerabilidades em áreas como transporte, saúde e habitação. Mas, até agora, pouco foi feito”. 

Osaka, Japão (5,2 milhões de pessoas afetadas)

No final de um mês em que foi maltratada por tufões inesperadamente tardios e fortes chuvas, o Japão já enfrenta a ameaça representada pelas inundações causadas por mudanças climáticas.

Pelos estudos realizados pela ONG, a região da cidade de Osaka, que é o coração comercial do país, desapareceria debaixo da água, ameaçando a economia japonesa e quase um terço dos 19 milhões de moradores da área.

Como resultado do aumento global do nível do mar, os economistas projetam que as enchentes costeiras poderiam colocar quase US$ 1 milhão de ativos de Osaka em risco na década de 2070.

Alexandria, Egito (3 milhões de pessoas afetadas)

A famosa biblioteca de Alexandria e as praias visitadas por milhares de turistas curiosos por belas paisagens podem desaparecer de vez, sendo engolidos pelo mar, com o aumento do nível do mar. Segundo os relatórios da ONU, o litoral da cidade egípcia pode ficar submerso mesmo se o aumento do nível da água seja de 0,5 metro apenas. Nesse cenário, oito milhões de pessoas teriam de ser deslocadas por inundações em Alexandria e no Delta do Rio Nilo – isso se não forem tomadas as medidas de proteção.

E se o aumento na temperatura for de 3 °C ameaça causar danos maiores do que esse. No entanto, para muitos residentes, há pouca informação pública para entender a conexão entre o clima cada vez mais caótico, as inundações com as mudanças climáticas. “A grande maioria dos Alexandrinos não tem acesso ao conhecimento, e é isso o que me preocupa. Não acho que o governo irá estimular a conscientização desse problema até que isso já esteja acontecendo”, disse o estudante de 22 anos, Kareem Mohammed.

Xangai, China (17,5 milhões de pessoas afetadas)

“Xangai irá sumir completamente, terei de me mudar para o Tibet!”, exclama um cidadão da cidade ao ver as ilustrações feitas pela ONG ambiental caso ocorra o aumento na temperatura. Quando se trata de inundações , a cidade costeira é uma das mais vulneráveis do mundo. Agora, com um dos maiores portos no planeta, a antiga aldeia é cercada pelo rio Yangtze no norte e dividida pelo meio pelo rio Huangpu; o município envolve várias ilhas, dois longos litorais, portos de embarque e quilômetros de canais, rios e cursos de água.

Em 2012, um relatório realizado por uma equipe de cientistas britânicos e holandeses declarou que a cidade chinesa é a mais vulnerável do mundo em relação às graves inundações, com base em fatores como o número de pessoas que vivem perto do litoral, o tempo necessário para se recuperar das inundações e as medidas para evitá-las. De acordo com as projeções do “Climate Central”, 17,5 milhões de pessoas poderiam ser deslocadas pelo aumento das águas se as temperaturas globais aumentarem em 3 graus Celsius.

Miami, Estados Unidos (2,7 milhões de pessoas afetadas)

Poucas cidades do mundo têm tanto a perder quanto Miami no caso do derretimento das geleiras e a expansão do mar. Os alertas soam cada vez mais altos a cada vez que ocorre a chamada “maré do rei”, quando as águas costeiras superam os níveis das barreiras e mandam água para as ruas da cidade. Aliás, os moradores já consideram este o "novo normal" na maior cidade da área metropolitana da Flórida – a qual deixaria de existir com um aumento de temperatura esperado.

Porém, mesmo com o cenário de aquecimento em 2 graus, as previsões mostram toda a área ao sul do lago Okeechobee, que atualmente abriga mais de sete milhões de pessoas, ficaria submersa. Somente no condado de Miami-Dade, quase US$ 15 bilhões em propriedades correm o risco de inundações nos próximos 15 anos, caso o aquecimento global continue no mesmo ritmo.  

Link deste artigo: http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2

 

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