A taxa já havia subido 0,5% em abril deste ano, de 11,25% para 11,75% primeira vez que ela foi elevada desde abril de 2005, quando foi de 19,5% para 19,75%. A Selic vinha sendo cortada ou mantida até a penúltima reunião do Copom.
O aumento na taxa de juros tem por objetivo tirar dinheiro de circulação para frear o consumo e, assim, conter a inflação.
A Selic é uma referência para o mercado financeiro. As taxas de juros efetivamente cobradas pelos bancos em empréstimos ao consumidor são bem maiores.
Quando a Selic aumenta, o consumidor tende a sentir esse efeito ao tomar empréstimos no curto prazo. Já quando ela cai, tendem a cair também os juros cobrados em financiamentos, crediários e outros tipos de crédito, mas em um ritmo mais lento.
O aumento na taxa já era esperado pelo mercado, especialmente depois que a Fipe divulgou a inflação de maio e aumentou a previsão de inflação para o ano, de 4,5% para 5,93%. Economistas acreditam que aumentar os juros era a atitude que estava ao alcance do Copom para reagir à pressão inflacionária.
“O efeito da inflação com juros altos é diferente da inflação com juros baixos”, afirmou Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da corretora Gradual. Para ele, os dados divulgados hoje exigiram uma atuação firme do Banco Central. “Esse é o papel do BC, reagir ao aumento da inflação”, disse.
Para o diretor-executivo de Economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac) Carlos Alberto Ercolin, há outras maneiras de combater a inflação, como reduzir os gastos públicos. Esta opção, porém, é uma decisão que teria de ser tomada pelo Poder Executivo Federal, e não pelo Banco Central.
Mas o aumento da Selic é a única ferramenta que o BC tem em mãos. “Esse aumento de juros de hoje tem o papel importante de sinalizar para o mercado a intenção do Banco Central de atuar para conter a inflação”, afirmou o economista. Segundo ele, a elevação gradual na Selic mostra que ela pode continuar nos próximos meses, caso seja necessário para conter a inflação.
Na opinião de Ercolin, o aumento nos juros não é bem vindo, mas é necessário, porque a inflação é ainda menos bem vinda. “É um remédio amargo que o paciente precisa”, disse.
U.Seg
