Na prática, o consumidor que fizer um crediário para comprar uma geladeira de R$ 1.500,00 em 12 parcelas terá uma redução de apenas R$ 0,59 em cada prestação, ou R$ 7,08 no total do produto – valores considerados irrisórios diante do acréscimo dos juros. Ao final dos 12 meses, a geladeira, de R$ 1.500,00, custará R$ 2.175,36. No cheque especial, o efeito é imperceptível. Quem ficar R$ 1.000,00 no vermelho durante 20 dias, agora terá um alívio de R$ 0,40. Em vez de R$ 52,73 de juros, pagará R$ 52,33 pelo período.
Segundo o vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, a explicação para o pequeno efeito para o consumidor está na diferença muito grande entre a taxa Selic e as taxas cobradas no mercado. Hoje, enquanto a Selic está em 13,75% ao ano, a taxa média cobrada do consumidor pessoa física é superior a 137%.
O motivo para tamanha disparidade é o chamado spread bancário – a diferença entre o custo de captação dos bancos (13,75% ao ano) e o que é cobrado do consumidor. O spread embute a expectativa de inadimplência, custos administrativos, impostos, compulsórios e a margem de lucro dos bancos. “Para reduzir as taxas de juros cobradas no Brasil, o governo terá de cortar a Selic. Isso vai desestimular a compra de títulos públicos, aumentar a oferta de crédito e melhorar a concorrência”, explica Oliveira.
Ele pondera que, apesar de o efeito para o consumidor ser mínimo, a redução da taxa Selic hoje tem um efeito psicológico muito grande. “Com a expectativa de juros menores lá na frente, as pessoas voltam a ficar otimistas e consumir.”
A exemplo da pesquisa apresentada na semana passada pela Anefac, a Fundação Procon-SP também detectou queda nas taxas de juros de algumas instituições financeiras em janeiro. No empréstimo pessoal, a taxa média caiu de 6,25% ao mês para R$ 6,01, especialmente por causa dos cortes feitos pelo Banco do Brasil. Depois das queixas do governo, a instituição reduziu de 6,5% para 4,99% as taxas do empréstimo pessoal.
U.Seg