Em sua delação firmada na Procuradoria Geral da República e homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) disse que o seu ex-vice-governador Chico Daltro também foi beneficiado no esquema de corrupção ocorrido durante a administração do pemedebista. Silval disse que Daltro teve uma dívida de R$ 4 milhões com o operador financeiro Ricardo Novis paga pelo empresário do ramo de construção civil Jorge Pires de Miranda. Novis teria recebido apartamentos construídos pela Concremax, empresa de Jorge Pires, que em troca, recebeu incentivos fiscais do Estado.
De acordo com a delação, Silval pediu para o então secretário Pedro Nadaf para conseguir recursos para o pagamento de dívidas de Daltro. Nadaf propôs a Pires isenção de impostos, em troca do pagamento da dívida do ex-vice-governador, o que foi aceito pelo empresário. “Os créditos poderiam posteriormente serem repassados para a empresa Votorantim em troca de cimento”, diz trecho do documento. Após fechar o acordo, Jorge Pires fez a transferência dos apartamentos construídos por sua empresa para Ricardo Novis.
As acusações foram negadas por Chico Daltro através de nota à imprensa. “Eu não tinha e não tenho essa dívida. Dívida que eu tenho é pessoal e ainda está em fase de pagamento. Não tem nada a ver com governo nem com o valor citado”.
A Votorantin Cimentos também negou as acusações.
Veja a nota da Votorantin:
"A Votorantim Cimentos não paga nem nunca pagou propina ou ofereceu qualquer tipo de vantagem indevida – tampouco autorizou que alguém o fizesse em seu nome.
A Concremax é um dos clientes da Votorantim Cimentos no Estado do Mato Grosso, para quem a empresa vende seus produtos. Todas essas transações são comerciais e legítimas.
Os benefícios fiscais obtidos pela Votorantim Cimentos no Estado referem-se à construção da fábrica em Cuiabá e à ampliação e modernização da fábrica em Nobres. Estes benefícios foram ratificados, após profunda análise e investigação de todas as autoridades estaduais – por meio do Ministério Público, da Controladoria Geral do Estado, da Procuradoria Geral, das Secretarias da Fazenda (SEFAZ) e de Desenvolvimento Econômico (SEDEC).
Isso se fez por meio de acordo (TAC) firmado com o Ministério Público e com o Estado do Mato Grosso, que buscou corrigir divergências de interpretação das disposições legais que disciplinam o Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic), garantindo segurança jurídica para ambas as partes e prorrogando os benefícios fiscais até 2024.
O Ministério Público reconheceu que não houve má-fé por parte da Votorantim Cimentos."