quarta-feira, 06/11/2024
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“CONSTÂNCIA” espetáculo terá apresentações gratuitas entre 25 e 28 de março, no YouTube

Com orientação cênica de Stephane Brodt, do Amok Teatro,

peça tem dramaturgia e direção Joana Marinho,

em companhia da atriz Claudia Ribeiro

Perseverança e luta pela sobrevivência marcam a passagem do negro nos sertões do Brasil e tal é a história da formação de muitas famílias no país. Partindo desta base, o espetáculo “Constância” é fruto da reconstrução das memórias e da pesquisa das atrizes Joana Marinho e Claudia Ribeiro no APA – Ateliê de Pesquisa do Ator, no SESC Paraty. Com orientação cênica de Stephane Brodt, do Amok Teatro, o espetáculo tem dramaturgia e direção de Joana. “Constância” estreia sua versão online em 25 de março, com quatro apresentações gratuitas, no YouTube (bit.ly/constanciateatro). O Governo Federal, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc, apresentam “Constância”.

Os diretores Stephane Brodt (Amok Teatro) e Carlos Simioni (LUME Teatro) coordenaram o APA – Ateliê de Pesquisa do Ator entre 2014 e 2019. Foi neste espaço, voltado para a pesquisa e desenvolvimento de técnicas das artes cênicas, que Joana e Claudia se conheceram e se debruçaram sobre suas memórias e a história de luta de seus antepassados para criar “Constância”. A peça estreou em 2019, em Paraty, e agora terá uma nova temporada em versão online, incorporando recursos próprios do audiovisual à montagem.  

O palco escolhido para a realização da versão online de “Constância” é o mesmo onde se deu todo o processo de criação do espetáculo: o Instituto Silo Cultural, em Paraty – espaço que foi casa do APA até 2019. Criado em 2001 pelos artistas Luís Perequê e Vanda Mota, o instituto se localiza em um galpão de madeira originalmente construído há mais de setenta anos em uma fazenda mineira para estocar produtos agrícolas – daí o nome de Silo –, sendo remontado em Paraty para abrigar iniciativas culturais. 

“Constância” utiliza a representação do boi e a persistência desse animal no imaginário nordestino, para falar do homem do sertão e de sua precária sobrevivência.A fuga do boi é retratada com suas proezas para escapar dos vaqueiros. O boi, que aqui representa o negro que foge e resgata sua liberdade, é forte, astuto e conhece o sertão, mas a natureza é imprevisível. “A peça fala da perseverança do negro no sertão e o fato da sua sobrevivência ter se dado muito por conta da geografia do lugar”, explica a autora.

Para construir a dramaturgia, Joana se inspirou em diversas obras da literatura e do cinema, além de cantigas antigas e vissungos – canto entoado pelos escravos durante o trabalho, alguns deles conhecidos pela voz da cantora Clementina de Jesus. Entre algumas obras percorridas estão o livro “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus; o poema “Miradas sertanejas”, de Daniel Fagundes; e os documentários “Carro de bois”, direção de Humberto Mauro e “Aboio, a poesia do vaqueiro”, de Tárcio Araujo.

“Queríamos pesquisar sobre a influência da passagem do negro pelo sertão. Somos duas mulheres negras, que temos na nossa ancestralidade toda essa religiosidade presente no sertanejo. É uma religiosidade híbrida, entre magia, misticismo, passando pelo candomblé e a religiosidade indígena até o catolicismo trazido pela colonização”, conta Joana.

CURTA DOCUMENTAL, OFICINA E BATE-PAPOS

Além da exibição do espetáculo “Constância”, outras ações paralelas online, também gratuitas, relacionadas ao projeto estão previstas. Confira as datas e horários no serviço, no fim do release. Uma delas é a apresentação do curta documental”Guardados de Constância”, uma compilação das memórias do processo de montagem, abordando também as novas exigências do fazer artístico teatral em tempos de pandemia, por meio de depoimentos e registros videográficos da equipe – que, na maior parte do tempo, se encontrou virtualmente.

Além disso, a preparadora vocal da peça Aurora Dias vai ministrar a oficina online “Descubra sua voz” – um encontro destinado a todos aqueles que têm o desejo de descobrir sua própria voz através do canto. A aula é coletiva, desenvolvendo a habilidade e o prazer de cantar em público. Serão abordadas técnicas de canto popular e de teatro musical, adaptadas às necessidades de cada aluno.

Finalmente, “Uma prosa com Constância” é um espaço para conversas virtuais e trocas de experiências entre os artistas do espetáculo e o público. O primeiro encontro será com a equipe de “poesia visual” – responsável pela pesquisa e criação da cenografia, figurino, identidade visual e iluminação da peça – e as soluções encontradas no processo de criação. O segundo bate-papo será com a equipe de produção. Serão abordados os desafios e as soluções encontradas pelas equipes da DaLua Produção e da Eró Criação e Produção para a realização da peça, durante um processo predominantemente remoto, com protocolos de segurança e executado com recursos da Lei Aldir Blanc.

JOANA MARINHO (Direção, atuação e dramaturgia)

Formada em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia pela URFJ, Joana Marinho é diretora de produção da Eró Criação e Produção, responsável, entre outros projetos, pelo grupo As Iyagbás, o Sonora Festival Internacional de Compositoras de Paraty e a Festa de Yemonjá de Paraty.

Entre 2004 e 2013, integrou o núcleo artístico da Companhia Ensaio Aberto, do diretor Luiz Fernando Lobo. Com o grupo, atuou como atriz e preparadora corporal em cursos, oficinas e seleções de novos elencos. Em 2019, voltou para atuar como atriz e preparadora corporal no espetáculo “Canto negro”.

Em 2015, Joana se mudou para Paraty (RJ), onde passou a integrar o APA – Ateliê de Pesquisa do Ator – SESC Paraty como atriz-pesquisadora, sendo dirigida por Stephane Brodt (Amok Teatro) e Carlos Simioni (LUME Teatro). Em 2019, estreou o espetáculo fruto desta pesquisa: “Constância”, no qual é atriz, diretora e dramaturga. A montagem tem supervisão cênica de Stephane Brodt.

Em 2016, fundou o grupo As Iyagbás, desempenhando as funções de atriz, musicista, dramaturga e diretora cênica. A companhia tem viajado o Brasil com seus dois espetáculos em repertório: “Awò” e “Tupinambá – A alma da Terra”. Em 2019, as peças foram apresentadas no Psicodália, um dos principais festivais independentes do país.

CLAUDIA RIBEIRO (Atuação)

Atriz, educadora, licenciada em letras/espanhol pela UNIOESTE – Universidade Estadual do Paraná – Campus Foz, fez especialização em arte terapia na UVA        (Universidade Veiga de Almeida – Campus Tijuca/RJ). Desde 2014, é atriz pesquisadora do APA – Ateliê de Pesquisa do Ator – SESC Paraty, sob coordenação de Stephane Brodt (Amok Teatro) e Carlos Simioni (Lume Teatro). É integrante do grupo Oficina do Som, que desenvolve um estudo de música universal com direção, composição e condução de Carol d’Avila. Também é educadora no Instituto Colibri. Atua, canta, dança e toca percussão nos grupos musicais As Iyagbás, Mundiá Carimbó, Nega Pisô e Camerata Valhacouto. É atriz na performance “Um buraco”, cujo texto é de sua autoria.

FICHA TÉCNICA

Direção e dramaturgia: Joana Marinho

Poesia Visual:

Daniele Geammal (cenografia e figurino)

Joana Marinho (figurino)

José Alcântara (iluminação)

Pati Faedo (cenografia e programação visual)

Xan Lucato (cenografia e cenotécnica)

Atrizes pesquisadoras: Claudia Ribeiro e Joana Marinho

Orientação Cênica: Stephane Brodt

Preparação vocal: Aurora Dias

Produção: Da Lua Produções

Realização: Eró Criação e Produção

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Parmenas Alt
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