O Codem reúne representantes dos poderes Executivos, Legislativo e entidades civis de 7 cidades de MT
Em meio à polêmica envolvendo a troca do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) pelo Ônibus de Trânsito Rápido (BRT), a expectativa do Governo de Mato Grosso é lançar o edital para contratação de obras do BRT, entre Cuiabá e Várzea Grande, até o mês de junho próximo.
A previsão foi dada após aprovação da substituição do modal pelo Conselho Deliberativo Metropolitano do Vale do Rio Cuiabá (Codem) na última quarta-feira (12).
Por maioria, o Conselho Deliberativo aprovou a substituição do VLT pelo BRT, movido a eletricidade, como modal de transportes na Região Metropolitana da Capital.
Foram 13 votos a favor da nova solução de transporte.
O Codem reúne representantes dos poderes Executivos, Legislativo e entidades civis dos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Chapada dos Guimarães, Acorizal, Santo Antônio de Leverger e Nossa Senhora do Livramento.
A mudança pelo BRT também teve quatro votos contrários e duas ausências.
De acordo com o governador Mauro Mendes (DEM), era de fundamental importância a anuência do órgão na decisão a favor do BRT.
“A escolha pelo BRT foi antes de tudo técnica, embasada por estudos que apontaram diversas vantagens, como maior economia para sua implantação e viabilidade de projeto. Além disso, a mudança desse modal corrige um erro histórico, porque é do conhecimento de todos que o VLT foi escolhido em cima de corrupção”, disse.
A relatoria do processo de substituição do modal ficou sob a responsabilidade do prefeito de Várzea Grande, Kalil Baracat (MDB), que deu parecer favorável à implantação do BRT.
“Foi definido, através dessa sessão onde o conselho aprovou e, agora, o Estado vai tomar as medidas cabíveis para realizar a obra”, disse o prefeito.
Já o presidente do Comitê de Análise Técnica para Definição do Modal de Transporte Público da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá e secretário de Mobilidade Urbana de Cuiabá, Juares Samaniego, votou contra a mudança.
Segundo ele, a Prefeitura irá acionar o Estado por causa da audiência pública realizada no último dia 07, devido às falhas e cortes nas falas de quem demonstrava os pontos negativos do BRT.
“O posicionamento de Cuiabá e do Comitê é pela anulação da audiência pública, que mais falou das questões jurídicas do VLT e não sobre o BRT. Afinal não existe projeto do BRT. Defendemos o plebiscito e o debate para que se tenha o melhor modal para Cuiabá e Várzea Grande. Foi uma audiência direcionada. Fizeram uma explanação jurídica do VLT de quase uma hora que não é parte do tema e os questionamentos técnicos foram só dois minutos – concordo com as 35 indagações embasadas na consulta pública – VLT Cuiabá-Várzea Grande Estudos do BRT, que são inconsistentes”, disse.
A Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) também manifestou indignação quanto à audiência pública.
“As autoridades do Estado de Mato Grosso utilizaram a maior parte do tempo para comentar pontos jurídicos extemporâneos e não trouxeram esclarecimentos sobre o projeto e os fundamentos técnicos da alteração do VLT pelo BRT”, informou, por meio de nota.
“A Abifer não conseguiu realizar sua manifestação durante a referida Audiência, devido a uma interrupção inesperada e injustificada dos trabalhos”, acrescentou.
Também questionou a inexistência de um projeto executivo do BRT, considerado peça fundamental para que se estabeleçam elementos técnicos para a boa execução de uma obra.
“É por esta razão que vemos obras inacabadas, aos milhares, no Brasil”, diz. “A falta do projeto executivo do BRT impede qualquer comparação técnica, minimamente razoável, com o VLT”, reforçou.
Para a implantação do BRT, o Governo do Estado se responsabilizará pela realização das seguintes obras de infraestrutura, como corredor segregado, paradas, estações e terminais, tratamento das calçadas, parque linear da Av. Rubens de Mendonça, centro de controle operacional, garagem operacional do BRT com subestação de recarga elétrica dos ônibus, sistema de monitoramento e segurança da frota e usuários, sistema de comunicação com os usuários e também pela aquisição dos ônibus movidos à eletricidade.
Entre outras justificativas para a troca do modal, o Estado aponta menor investimento para o BRT, que são da ordem de R$ 460 milhões, enquanto o VLT demandaria R$ 763 milhões, além dos mais de R$ 1 bilhão já aplicados.