Por causa das novas denúncias, o Conselho decidiu pelo adiamento da votação do parecer favorável ao arquivamento da representação do PSol pedindo a verificação de quebra de decoro, por parte do presidente do Senado. A representação foi motivada a partir de denúncias da revista “Veja” em que foi levantada a hipótese de Renan ter as despesas pessoais pagas por um funcionário da empreiteira Mendes Júnior.
O presidente da Casa, assim como diversos senadores, pediram que o funcionário da empreiteira Mendes Júnior Cláudio Gontijo e o advogado da jornalista Mônica Veloso, Pedro Calmon Filho, deponham no Conselho na próxima segunda-feira. O pedido foi aceito e Gontijo e Calmon comparecem ao Conselho de Ética do Senado na segunda-feira.
A decisão sobre o adiamento veio logo após o presidente do Senado insistir que fosse feita a perícia dos documentos apresentados por ele em sua defesa. “Fui eu que pedi”, afirmou Renan após a confirmação.
Sobre as novas denúncias, os senadores da oposição comemoraram o adiamento e o pedido de perícia dos documentos de defesa entregues por Renan nesta manhã. Eles leram ainda os votos em separado. O Conselho protocola ainda hoje os pedidos de perícia dos documentos apresentados por Renan.
Apesar da aprovação das oitivas, a sessão de hoje se focou nas novas denúncias que envolvem a venda de gado de uma fazenda de Renan.
A situação do presidente da Casa se complicou ontem à noite com a exibição de uma reportagem no “Jornal Nacional” que levantava a hipótese de que os documentos apresentados por Renan para comprovar sua renda seriam de empresas irregulares ou inexistentes.
Diante das novas denúncias, o presidente da Casa apresentou documentos de defesa através do senador Romero Jucá (PMDB-RR). São esses os documentos que serão periciados pelo Senado.
Reunião com aliados e oposição
Antes da reunião, pela manhã, diante das novas denúncias, o presidente Renan Calheiros se reuniu com aliados em seu gabinete e em seguida com líderes da oposição (PSDB e DEM), quando fez sua “defesa informal”.
Durante a manhã, o relator Epitácio Cafeteira não quis comentar as novas acusações, mas afirmou que “apenas quer a verdade”. Sobre uma
possível nova representação, Cafeteira afirmou que “a primeira era a partir de denúncias políticas, e agora são denúncias de ordem fiscal”. Até após o início da reunião Cafeteira parecia lutar sozinho pela votação de seu parecer.
Os líderes da oposição afirmaram antes do início da sessão que iriam pedir durante a reunião do Conselho, a retirada da representação da pauta, o periciamento dos documentos apresentados pelo presidente do Senado e a convocação para depoimento do advogado de Mônica Velloso e do funcionário da empreiteira Mendes Júnior Cláudio Gontijo.
“Se as notas exibidas pela defesa forem provadas como fraudadas será a acusação mais grave de todas até agora. Não farei pré-julgamentos e vou esperar o periciamento de documentos apresentados pelo Renan”, afirmou o líder do DEM, senador Agripino Maia.
O líder do PSB, senador Renato Casagrande (ES) disse que Renan Calheiros nesta manhã afirmou que não sabia que as empresas estavam inativas.
O senador Jefferson Péres (PDT-AM) chegou a defender ainda, que diante das novas denúncias, deveria haver uma nova investigação. “O mais sensato seria realmente uma investigação profunda sobre isso e pôr de lado o relatório Cafeteira”, afirmou.
O senador Gilvan Borges (PMDB-AP) também defendeu uma nova investigação. “Sou pelo arquivamento da atual representação porque se trata de uma guerra política. Cerca de 90% dela é feita pela oposição em Alagoas e no próprio Congresso Nacional”, afirmou.
Para Borges, até agora não há provas de decoro parlamentar. Por outro
lado sobre as denúncias de possíveis notas fiscais frias Gilvam acha,
inclusive, que o MP deve apresentar denúncia contra Calheiros.
(Com Congresso em Foco e reportagem de Sarah Barros e Rodrigo Ledo, do Santafé Idéias)