Para compreender a crise alimentar é necessário considerar diversos fatores. Tal cenário pode ser explicado, em primeiro lugar, pela relação de dependência entre a cadeia de produção dos alimentos e o petróleo.
Ele é fundamental para que o maquinário da produção agrícola funcione, além de ser usado nos veículos que transportam os produtos.
A alta cotação do petróleo também estimula o cultivo de alimentos que podem ser usados na produção de biocombustíveis. É o caso do milho para fabricar álcool nos Estados Unidos, cuja produção entra em competição com a utilização desse produto para consumo alimentar. Com a queda na oferta e o aumento da procura – estima-se que a demanda pelo milho cresceu 30% nos últimos anos – há alta dos preços.
Além disso, especialistas afirmam que o cultivo desses produtos ocupa áreas onde outros grãos fundamentais para a subsistência deveriam ser plantados.
A melhoria na qualidade de vida de países emergentes como China, Índia e Brasil e o crescimento da população mundial também levam ao aumento no consumo de comida, o que pressiona os preços. “A economia atravessa uma fase favorável. Acho positivo que as pessoas estejam comendo mais. Mas é necessário atender essa demanda”, avalia Antonio Buianain, especialista em
Economia Agrícola.
A interrupção das exportações de arroz em países como a Índia, apesar de estabilizar os preços para o consumo doméstico, pressiona o mercado internacional. Algumas razões para a subida dos preços do trigo e do arroz estão também relacionadas ao clima. Em 2007, por exemplo, um ciclone em Bangladesh (Ásia) destruiu estoques de arroz equivalentes a US$ 600 milhões, elevando o preço do grão em 70%.
Fol.Uni.