Embates aconteceram em cidades do norte de Kosovo, onde a maioria sérvia não aceita a autoridade dos prefeitos locais, que pertencem à maioria de descendência albanesa que vive no país
Um confronto entre manifestantes sérvios e soldados da missão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Kosovo deixou 75 feridos nesta segunda-feira, 29. Ao todo, 50 manifestantes e 25 soldados ficaram feridos durante a tentativa da missão de conter protestos violentos que aconteciam no norte de Kosovo, onde os sérvios não aceitam a autoridade dos prefeitos de quatro municípios em que são maioria. Segundo a Otan, os feridos são soldados húngaros e italianos que sofreram fraturas, contusões e queimaduras causadas por materiais incendiários. Na cidade de Zvecan, onde os protestos foram mais violentos, as forças de segurança recorreram ao uso de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para dispersar manifestantes. “Mais de 50 pessoas foram levadas para o hospital devido a problemas causados por envenenamento por gás lacrimogêneo e hematomas, três delas foram hospitalizadas e uma pessoa foi gravemente ferida a tiros e corre risco de vida”, disse o diretor do Centro Clínico de Mitrovica, Zlatan Elek
Os sérvios, maioria nessas cidades, mas minoria no Kosovo, não reconhecem a autoridade dos prefeitos, que pertencem à maioria albanesa do país. A própria Sérvia não reconhece a independência de Kosovo, que era uma antiga província que proclamou independência em 2008. Em 2022, os prefeitos foram eleitos em votações boicotadas pelos sérvios e que tiveram uma taxa de comparecimento de pouco mais de 3%. O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, acusou o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, de provocar os incidentes ao usar forças policiais especiais para forçar os prefeitos a entrar nas sedes das prefeituras, bloqueadas por manifestantes sérvios há três dias. Vucic pediu aos sérvios do Kosovo que se manifestassem pacificamente e “não entrassem em conflitos com a Otan”. Os dois países estão negociando a normalização de suas relações com base em um novo plano da União Europeia (UE), apoiado pelos EUA, em um processo frequentemente interrompido pelas tensões.
*Com informações da EFE-JovemPan