Cerca de 75% do planeta Terra é composto por água, dos quais 3% são de água doce. Destes, apenas metade se encontra na superfície, sendo que a necessidade mínima do ser humano é de 2,4 litros diários do líquido. Estes foram alguns dos dados repassados pela equipe da Assessoria de Lideranças Comunitárias da Sanecap aos moradores do bairro Ouro Fino, no último final de semana durante o Seminário “Água: sabendo usar não vai faltar – saber técnico x saber popular”.
Durante o encontro foram repassadas informações sobre o ciclo da água e sua utilização nos mais diversos setores da vida humana, entre eles a alimentação e a indústria, onde 250 toneladas de água são necessárias para produzir uma tonelada de papel.
A equipe da Sanecap também esclareceu à comunidade sobre o processo de tratamento da água, desde a captação até a distribuição.
O combate ao desperdício é uma das metas dos seminários. Durante o evento, a assessora de Lideranças Comunitárias da Sanecap, Josita Priante, informou que do gasto de água de uma residência, cerca de 36% se dá pela descarga sanitária. Ela lembrou também que o hábito de escovar os dentes com a torneira aberta pode provocar um desperdício de até 25 litros por dia e que uma torneira pingando é responsável pela perda de 46 litros de água no mesmo período. Já uma mangueira pode jogar fora 600 litros de água para lavar um carro.
“As pessoas sabem disso tudo, mas não praticam. Nós mesmos, que temos noção deste gasto, ainda desperdiçamos água”, comentou a dona de casa Maria de Lourdes Rodrigues, moradora do Ouro Fino.
O presidente do bairro, Odil Amorim, alertou para o alto índice de desperdício e para a inadimplência. “Isso prejudica a toda a comunidade”, ressaltou ele, que cobrou a regularização do fornecimento de água no bairro. “Esperamos que daqui para frente possamos ter um contato mais próximo com a Sanecap.” Odil Amorim também apontou a necessidade de se elaborar um projeto a fim de buscar recursos para o aproveitamento da água subterrânea do bairro, que ele assegurou ser abundante. Segundo ele, um estudo feito pela UFMT também apontou essa água como própria para consumo.
O desperdício de água passará a ser crime sujeito a multa de acordo com o Plano Nacional de Recursos Hídricos, instrumento previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos (lei 9433/97). Aprovado em janeiro deste ano, o plano terá validade de 15 anos e será apresentado amanhã (20) em um encontro promovido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA). “O problema da água não é local, é uma questão mundial”, alertou Josita Priante à comunidade do bairro Ouro Fino. Ela lembrou que em 2005 foi iniciado o decênio da água, no qual governos do mundo todo buscam fortalecer as políticas de defesa dos recursos hídricos. E ressaltou que, se antes era possível beber água diretamente do rio, hoje esta água precisa ser tratada, e isso envolve custos. “Quem tem água na torneira precisa zelar por este patrimônio.”
Os seminários de formação popular são realizados pela Sanecap periodicamente nos bairros de Cuiabá. A proposta é discutir, esclarecer dúvidas e estabelecer um contato mais estreito com a comunidade, realizando um trabalho educativo. “É uma ação nova, as pessoas não estão acostumadas com isso. Unidos, e debatendo a nossa realidade, podemos construir juntos algo melhor, mais consistente”, disse Josita.
Durante o encontro no bairro Ouro Fino também foram tiradas dúvidas sobre o parcelamento de contas e outros serviços comerciais oferecidos pela Sanecap.
