Segundo pesquisa do Imperial College de Londres, a homossexualidade fortalece vínculos e colabora na longevidade e fertilidade
O comportamento homossexual em macacos é generalizado e hereditário, de acordo estudos dos pesquisadores do Imperial College de Londres, que observarem uma colônia selvagem de macacos durante três anos. Com base nesses dados, o artigo, publicado nesta segunda-feira, 10, na revista “Nature Ecology and Evolution”, sugere que o comportamento homossexual pode ser o resultado da evolução e uma caraterística comum da reprodução dos primatas. Levando em conta observações e dados genéticos, o estudo refuta a ideia de que o comportamento homossexual entre machos da mesma espécie é raro em animais não humanos e ocorre apenas em condições incomuns. “A maioria dos machos se comporta de forma bissexual e que a variação na atividade do mesmo sexo é hereditária”,afirma Jackson Clive, primeiro autor da pesquisa. Para os autores, isto significa que o comportamento pode ter uma base evolutiva e que os machos que copulavam uns com os outros tinham mais probabilidades de se apoiarem mutuamente em caso de conflito. “Talvez este possa ser um dos muitos benefícios sociais da atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo. A nossa pesquisa mostra, portanto, que os comportamentos sexuais entre indivíduos do mesmo sexo podem ser comuns entre os animais e podem evoluir”, diz Clive.
A equipe estudou 236 machos de uma colônia de 1.700 macacos rhesus de vida livre na ilha tropical de Cayo Santiago, em Porto Rico. Além da observação do seu comportamento e da realização de análises genéticas, a equipe teve acesso aos registros genealógicos e de parentesco de cada indivíduo desde 1956. Depois de registrar todas as cópulas dos 236 machos, tanto de macho para macho, como de macho para fêmea, foi verificado que 72% dos machos tiveram relações sexuais com outros machos, contra 46% dos que tiveram relações sexuais com indivíduos do sexo oposto. A equipe investigou várias destas teorias com os seus dados e descobriu que, nesta colônia de macacos, a homossexualidade nos machos estava fortemente relacionado com “alianças” colaborativas, o que significa que os pares de machos que praticam sexo regularmente têm mais probabilidades de se apoiarem mutuamente em caso de conflito, o que lhes dá uma vantagem no grupo. Os especialistas estudaram também o efeito do sexo homossexual no número de descendentes e descobriram que os machos que praticam sexo homossexual podem ter mais êxito na reprodução, graças ao efeito de ter mais “alianças”.
O estudo também confirmou que a homossexualidade é hereditária em 6,4%, o que constitui a primeira prova de uma ligação genética com a homossexualidade dos primatas fora dos seres humanos. Para o pesquisador principal, Vincent Savolainen, do Imperial College, “infelizmente, algumas pessoas ainda acreditam que o comportamento homossexual não é natural” e, em alguns países, a homossexualidade é mesmo perseguida sob pena de morte. “A nossa investigação mostra que o comportamento homossexual está generalizado entre os animais não humanos”, mas “o nosso dever é fazer avançar a compreensão científica do comportamento homossexual e explorar os benefícios que traz para a natureza e para as sociedades animais”, conclui.
JovemPan