O projeto foi contemplado em edital da Lei Federal Aldir Blanc em Cuiabá, executado pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, com o apoio do Conselho Municipal de Política Cultural
As recuperandas da Penitenciária Ana Maria do Couto poderão prestigiar o conteúdo da peça teatral Bereu. De forma virtual, a Cia Cena Onze realizará seis apresentações, distribuídas entre os dias 16 e 17 de fevereiro. O espetáculo apresenta a realidade das detentas dentro da unidade penitenciária. As sessões também serão transmitidas pelo canal do YouTube do Cine Teatro Cuiabá, gratuitamente. O projeto foi contemplado em edital da lei Aldir Blanc em Cuiabá, executado pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, com o apoio do Conselho Municipal de Política Cultural.
Para que o espetáculo aconteça, foi montada toda uma estrutura tecnológica dentro da Penitenciária, que acolherá as apresentações em três horários: às 9h, 14h e 15h30. “Serão três encenações por dia. Distribuímos assim, para evitarmos aglomerações, mantendo as medidas de biossegurança e de distanciamento”, explica Flávio Ferreira, diretor da peça.
O nome do espetáculo é uma gíria usada nas prisões, entre as pessoas presas, mas também no mundo aqui fora, que significa “bilhete, recado, carta”. Bereu conta inclusive com participação de atrizes em seu elenco que estão em processo de reintegração social, pois ainda estão cumprindo pena através do controle de tornozeleiras eletrônicas.
Segundo Ferreira, o objetivo da dinâmica é mostrar a cada detenta sua própria realidade pela ótica da arte. Flávio lembra que Bereu foi construída a partir de 10 anos de pesquisas, convivência, leituras e rodas de conversas junto dessas detentas, mostrando essa realidade das mulheres presas, seus conflitos e os motivos que as levaram ao crime.
“Conhecemos essa triste realidade, que narramos por diversas vezes ao público, sempre procurando conscientizar do quanto é importante compreendermos que elas erraram, mas que já estão pagando por isso. Incentivá-las a olharem para essa realidade, informá-las sobre seus direitos, por meio da arte, faz parte dessa reconstrução de cada uma que ali está. Para isso, nada mais indicado do que a peça Bereu”, elucida.