quinta-feira, 21/11/2024
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Como anda a saúde no 1º mês dos mandatos

Um mês depois da posse dos governos estaduais, uma radiografia do quadro nacional da saúde ainda revela os mesmos problemas que vêm se arrastando desde o ano passado. Algumas medidas têm sido tomadas pelos novos administradores, mas a gravidade da situação faz com que a solução ainda pareça distante. De norte a sul do Brasil, a população sofre com filas, atendimento precário, falta de equipamento nas unidades e carência de médicos.

Para agravar a situação, as pequenas cidades não dispõem de recursos hospitalares, o que provoca a migração dos pacientes para as capitais, fato que sobrecarrega ainda mais o já precário sistema. Os novos secretários de Saúde estão tentando sensibilizar o governo federal para a necessidade de remanejar recursos de programas do Ministério da Saúde.

Além disso, o não reajuste das tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS) também aumenta as dificuldades da rede particular que precisa funcionar como apoio das unidades públicas.

No Rio de Janeiro, que enfrenta graves problemas na área da saúde há alguns anos, o médico Sérgio Côrtes, novo secretário de Saúde, sofreu ameaças de morte e agora recebe proteção policial em caráter permanente.

Ele está modificando os contratos com fornecedores de serviços e medicamentos para os 28 hospitais da rede para tentar coibir esquemas de corrupção e superfaturamento articulados com funcionários da instituição. As medidas tomadas pelo secretário resultaram em 18 ameaças de morte.

Segundo balanço feito pelo novo governo, a situação dos hospitais da rede estadual do Rio é dramática. Leitos insuficientes, in­fil­trações, emergências sobrecarregadas, ambulâncias sucateadas e equipamentos quebrados são apenas alguns dos problemas. Apenas 5% dos contratos da Secretaria de Saúde foram firmados por meio de licitação no ano passado. A gestão anterior é acusada de ter deixado uma dívida de R$ 407 milhões com fornecedores e fazer contratações irregulares de médicos e enfermeiros.

Dívidas no Incor-SP

José Serra assumiu o governo de São Paulo com uma grave crise no Instituto do Coração (Incor), ligado à administração paulista por meio do Hospital das Clínicas. No início de novembro, a Fundação Zerbini, que administra o Instituto, não honrou a folha de pagamento dos seus cerca de 3 mil trabalhadores por causa de uma dívida de R$ 245 milhões, desencadeando o problema. O então governador Cláudio Lembo chegou a autorizar o repasse de uma verba de R$ 10 milhões para o pagamento de parte do 13º salário dos funcionários, mas a crise no Incor mudou de ano, de governo, e a nova administração admite pagar a dívida.

O desabamento na linha 4 do metrô de São Paulo acabou desviando um pouco os olhares da nova gestão paulista. O atendimento às vítimas do acidente foi priorizado e, enquanto isso, na área da saúde, o destaque para o primeiro mês de governo ficou por conta do anúncio da liberação de verbas para hospitais filantrópicos. A partir de abril, o Estado vai liberar uma verba mensal permanente a essas instituições, que não têm fins lucrativos e atendem pelo SUS.

A promessa, uma das principais metas da Secretaria de Estado da Saúde para a gestão José Serra, é começar atendendo 30 hospitais filantrópicos e, até o fim do ano, incluir mais 106 no pacote. O montante a ser repassado ainda não foi determinado.

Às vésperas do Carnaval, a prioridade em São Paulo passa a ser a doação de sangue, para aumentar o estoque nos hospitais estaduais antes dos festejos. O receio das autoridades é de que, no período, os estoques cheguem a zero, impossibilitando até mesmo a realização de cirurgias.

Quem quiser doar pode obter mais informações na Fundação Pró-Sangue, em São Paulo, pelo telefone gratuito 0800 550300.Quais os maiores problemas no atendimento hospitalar?

“O serviço dos hospitais públicos continua horrível. Para se marcar uma consulta tem de madrugar e enfrentar grandes filas”.
Maria do Carmo Farias, 37 anos, costureira, Salvador/BA

“O atendimento nos hospitais melhorou muito pouco. Hoje existe o teleconsulta, que evita mais uma fila na hora de marcar o médico”.
Lucilene Paes Landin,
30 anos, do lar,
Goiânia/GO

“É muito precário, demora demais e há poucos médicos. Isso causa um transtorno muito grande na hora do atendimento”.
Iara Rodrigues de Oliveira, 25 anos, ass. administrativa,
Curitiba/PR

“A saúde pública continua inexistente. Se a pessoa não tiver plano de saúde vai sofrer muito para ser atendido“.
Jaci Soares,
34 anos, somellier, São Paulo/SP

“Ainda falta muita coisa nos hospitais públicos. A culpa disso é dos governantes que não se peocupam com o povo”.
Regina Glória,
52 anos, comerciante,
Rio de Janeiro/RJ

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Parmenas Alt
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