Pela primeira vez na história, a seleção de futebol feminino do Brasil está na final da Copa do Mundo. Na manhã desta quarta-feira, em Hangzhou, as meninas da seleção encerraram uma invencibilidade de 51 jogos dos Estados Unidos (no Pan do Rio, a equipe perdeu a final justamente para as brasileiras, mas disputou o torneio com um time formado por universitárias) ao vencerem a semifinal por 4 a 0, gols de Osborne (contra), Cristiane e dois de Marta.
De quebra, o time canarinho devolveu a derrota da final das Olimpíadas de Atenas, quando foi batido pelas norte-americanas por 2 a 1 na prorrogação de um jogo dramático e com arbitragem polêmica.
“Vingadas” em relação ao seu maior algoz (com o resultado de hoje, os EUA ainda ostentam um retrospecto de 18 vitórias três empates e duas derrotas ante a seleção), a equipe do técnico Jorge Barcellos tem pela frente a Alemanha na grande decisão do Mundial, no próximo domingo, em Xangai, às 9 horas de Brasília. Três horas antes, os Estados Unidos disputam o terceiro lugar contra a Noruega.
O jogo Como já era esperado, a partida começou muito movimentada, com as duas equipes adotando uma postura bastante ofensiva. Logo aos quatro minutos, um lance polêmico: Cristiane invadiu a área pela esquerda e foi calçada por Whitehill. Porém, a árbitra suíça Nicole Petignat ignorou e não marcou pênalti.
Logo após a jogada duvidosa, as norte-americanas armaram um rápido contra-ataque e ameaçaram pela primeira vez. Chalupny recebeu ótimo cruzamento e cabeceou no canto. Atenta, Andréia fez boa defesa. Após o susto, a resposta do Brasil foi imediata. Aos seis minutos, Daniela Alves levantou para a área, a goleira Scurry, aposta do técnico Greg Ryan para a partida, saiu muito mal do gol e Elaine chutou para fora, com perigo.
Melhores em campo, as brasileiras mantinham a posse de bola e eram mais objetivas, enquanto os EUA abusavam dos lançamentos diretos da defesa para o ataque, facilmente contidos pela zaga da seleção. Com isso, o primeiro gol do Brasil não demorou para sair.
Aos 20 minutos, Formiga cobrou escanteio da esquerda e Osborne tentou cortar, mas acabou empurrando para as redes do gol de Scurry e colocou as adversárias em vantagem. Sete minutos depois, foi a vez de Marta, até então sumida na partida, brilhar e mostrar porque é a atual melhor jogadora do mundo.
A meia-atacante dominou na esquerda e teve o calção puxado por uma rival. Ainda assim, manteve o domínio da bola, limpou a marcação e bateu rasteiro da entrada da área para marcar o seu sexto gol no Mundial e assumir a artilharia isolada da competição.
Apesar de o técnico Greg Ryan ter acusado o Brasil de “praticar um jogo violento”, a seleção norte-americana, nervosa, abusava das faltas. Aos 44, a meia Shannon Box, que já tinha amarelo, cometeu uma infração dura em Cristiane e foi expulsa.
Aproveitando-se da vantagem numérica, as brasileiras voltaram para a segunda etapa impondo um forte ritmo de jogo. Logo aos dois minutos, Maycon chutou forte, Scurry rebateu e a própria meia brasileira quase aproveitou o rebote para ampliar. Três minutos depois, Marta invadiu a área e bateu cruzado, à esquerda do gol norte-americano.
De tanto insistir, a seleção acabou sendo premiada aos dez minutos. Em rápido contra-ataque, Formiga avançou rapidamente pela esquerda e colocou Cristiane na cara do gol. A atacante não perdoou e teve a calma de escolher o canto para fazer o terceiro do Brasil e seu quinto gol na Copa, dividindo a vice-artilharia do torneio ao lado da norueguesa Guldbrandsen.
Desesperada, o time dos EUA partiu desordenadamente para o ataque, enquanto as brasileiras reduziram o ritmo e passaram a cadenciar a partida. Aos 16 minutos, Lilly recebeu bom passe e chutou colocado, mas Andréia fez a defesa. Pouco depois, Chalupny acionou Lloyd, que bateu para o gol e também parou na arqueira adversária.
Depois da pressão norte-americana, a equipe verde-amarela retomou o controle do confronto e, com dribles de efeito, humilhava as adversárias, que até então eram favoritas ao título na China. Aos 30, Formiga fez linda jogada individual e por pouco não ampliou. Quatro minutos depois, porém, Marta levou melhor sorte que a companheira e fez um golaço: Ela se livrou de Ellerstron com um drible desconcertante, passou por Lloyd, invadiu a área e chutou forte para fazer o seu sétimo gol na competição e disparar na artilharia.
Embalado, o time canarinho ainda esteve perto de marcar o quinto. Aos 42 minutos, Cristiane arriscou chute de fora da área e a bola pegou na trave. Até o apito final da juíza, a equipe manteve a posse de bola e trocou passes para delírio da torcida chinesa, que ovacionava e aplaudia as finalistas ao término do confronto.