Futuro do imunizante ainda é incerto; resultados da fase 2 dos testes devem sair nas próximas semanas
O Instituto Butantan anunciou, na última sexta-feira (23), que irá suspender os estudos para o desenvolvimento da ButanVac, imunizante contra a Covid-19. Com isso, a Spin-Tec, vacina desenvolvida pela UFMG, pode ser a primeira com tecnologia 100% brasileira a chegar no mercado. No entanto, o futuro do imunizante ainda é incerto.
Segundo o Instituto Butantan, a decisão aconteceu de suspender os testes do imunizante aconteceu após os testes da fase 2 apontarem resultados abaixo dos pré-requisitos estabelecidos de produção de anticorpos. Os resultados mostraram que a vacina dobrou o número de anticorpos contra a doença 28 dias após a aplicação, mas a meta era que induzisse a uma produção quatro vezes maior.
O diretor clínico do Centro de Tecnologias de Vacinas (CTVacinas) da UFMG, professor Helton Santiago, explicou que, neste momento, os pesquisadores esperam exatamente os resultados da fase 2 para saberem o futuro do imunizante brasileiro.
“Estamos trabalhando para levar a SpiN-Tec ao mercado, mas ainda não sabemos o que acontecerá. Estamos analisando os dados do estudo de fase 2 e a SpiN-Tec não está isenta de ter o mesmo destino da Butanvac. Saberemos nas próximas semanas ou meses”, disse o diretor.
O professor explica que a principal diferença entre a Spin-Tec e a Butanvac é a base proteica utilizada. Enquanto a Butanvac utiliza como base a proteína Spike (importante para o vírus entrar nas células humanas), a SpiN-Tec utiliza a proteína do Nucleocapsídeo fundida com uma pequena região da Spike. “Assim, a SpiN-Tec é capaz de induzir uma forte resposta imune celular e estimular a resposta de anticorpos. Sabemos que a resposta imune celular é muito importante quando as variantes conseguem estabelecer uma infecção”, explicou.
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Caso o imunizante passa da fase 2, o estudo da fase 3, quando há participação de um grupo amplo da população, deve acontecer no primeiro semestre de 2025. Após o início da frase 3, é possível pedir o licenciamento para a comercialização da vacina.
“Se isso acontecer, poderemos pedir o licenciamento em 2026. Mas a chegada ao mercado depende de muitos fatores, inclusive regulatórios com a ANVISA que vai além da nossa capacidade de estimar no momento”, reforça o professor
Até o momento, os resultados do estudo de fase 1 que confirmam que a vacina é segura e capaz de ativar a resposta imune. No entanto, os resultados da fase 2 apontarão como o imunizante se comporta quando comparada à vacina da Pfizer, que é o comparador ativo da fase atual. Ainda assim, o professor comemora os avanços conquistados pela pesquisa. “A SpiN-Tec é a primeira vacina 100% brasileira a ir tão longe”.
Fonte: R7