quinta-feira, 21/11/2024
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Com a queda do dólar a perspectiva é boa para o Brasil

O dólar está em queda de 1,11%, a R$ 4,0620, menor nível desde 5 de novembro. O exterior positivo, após a divulgação de bons indicadores da China, e um renovado otimismo com economia brasileira, que atraiu fluxo externo, estimularam a venda de dólares e a desmontagem de posições contra o real no mercado futuro. Com isso, o real foi a moeda com melhor desempenho ante o dólar em uma cesta de 34 divisas.

Investidores estrangeiros reduziram em mais US$ 643 milhões suas apostas contra o real no mercado futuro de dólar e cupom cambial na sexta-feira, segundo dados da B3. Somente nos primeiros quatro dias da semana passada, estes agentes cortaram estas apostas em US$ 3,4 bilhões. Com isso, o estoque de posições compradas está agora em 590 mil contratos, um dos menores níveis do ano, o equivalente a US$ 29,5 bilhões.

“O cenário para o Brasil está bem mais positivo, com maior entrada de dólares”, disse o responsável pela área de câmbio da Terra Investimento, Vanei Nagen. Bancos, como BTG Pactual, Morgan Stanley, Citi, Bradesco e JPMorgan, têm revisado as projeções de crescimento para o Brasil e divulgado análises otimistas.

O JP, por exemplo, segue com aposta “overweight” (acima da média do mercado) no País e vê o Brasil como uma das principais apostas nas bolsas dos emergentes no ano que vem, junto com China, Coreia do Sul, Rússia e Indonésia. “É nestes mercados que nossos analistas estão mais otimistas (‘bullish’)”, ressalta relatório do banco. Já para mercados como Chile e México o banco americano está mais pessimista.

A pressão de uma “prolongada guerra comercial” entre os EUA e a China está diminuindo, após os acertos da semana passada e, no Brasil, “as reformas estruturais deste ano tornam a economia brasileira uma das mais atraentes em 2020”, ressalta o analista de mercado financeiro da Oanda, Alfonso Esparza, em relatório. Nesse clima de otimismo, o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil caiu hoje ao nível de 96 pontos, nas mínimas desde 2010, de acordo com cotações da IHS Markit.

Bovespa

O Ibovespa voltou a ensaiar máxima histórica pela terceira sessão consecutiva, mas perdeu fôlego à tarde, em dia de giro financeiro reforçado pelo vencimento de opções sobre ações, em volume de R$ 12,130 bilhões no encerramento do período de exercício, às 13h. Na quarta-feira, será a vez do vencimento de opções sobre o Ibovespa.

Pelo quarto dia seguido, o índice de referência da B3 caminhava para fechar em terreno positivo, mas, a menos de uma hora do fim da sessão, neutralizou o avanço e passou por uma realização mais aguda nos minutos finais, em queda de 0,59%, aos 111.896,04 pontos, após ter tocado hoje, pela primeira vez, a faixa de 113 mil pontos – na máxima, foi a 113.196,83 pontos, novo pico histórico intradia. O giro totalizou R$ 34,6 bilhões e, no ano, o índice de ações acumula agora ganho de 27,32% – no mês, sobe 3,38%.

Em dia no qual a possibilidade de retorno da CPMF voltou ao radar, as ações de bancos fecharam em queda, com ItaúUnibanco PN em baixa de 2,29% e Bradesco PN, de 1,75%.

Em dezembro, cuja segunda quinzena foi iniciada hoje, o Ibovespa registrou perdas – por sinal, leves – apenas em duas outras sessões, na segunda e terça-feira da semana passada, quando fechou, respectivamente, em baixa de 0,13% e 0,28% nos dias que antecederam as decisões do Copom e do Federal Reserve, bem como o anúncio da elevação da perspectiva para a nota de crédito do Brasil, pela S&P.

“A dinâmica, tanto aqui como fora, permanece positiva, mas não houve hoje propriamente uma grande novidade, algo que carregasse o índice adiante”, acrescenta Ari Santos, gerente de Ibovespa na H. Commcor.

Neste contexto favorável, a primeira sessão da segunda metade de dezembro foi marcada positivamente pelo CDS, medida de risco Brasil, no menor nível desde outubro de 2010, e forte ajuste negativo no dólar à vista, que chegou hoje durante a sessão a R$ 4,0558, negociado nos menores patamares desde o começo de novembro. No fechamento de hoje, o dólar à vista apontava queda de 1,11%, a R$ 4,0620, com o índice DXY em baixa em torno de 0,16%, a 97,019. Em NY, S&P 500 e Nasdaq voltaram a renovar hoje máximas de fechamento, replicando a última sexta-feira – desta vez, o Dow Jones também se juntou ao grupo.

As ações de Petrobras, JBS e Marfrig podem continuar sob alguma pressão com o “follow-on” (oferta subsequente) do BNDES, impulsionando a disponibilidade dos papéis dessas empresas no curto prazo. Assim, após o fechamento negativo de suas ações na sexta-feira, quando o BNDES anunciou a intenção de vender ações ordinárias da empresa, Petrobras PN e ON fecharam hoje, respectivamente, em baixa de 1,90% e 0,77%. A ação da JBS fechou hoje em baixa de 0,55% e a da Marfrig, de 0,37%.

Juros

Enquanto o aumento do apetite ao risco vindo do exterior embalou a queda do dólar, os juros futuros operaram sob dinâmica própria e estiveram em alta a maior parte da sessão. Como a semana tem uma agenda pesada em termos de política monetária, com divulgação da ata do Copom e do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o investidor aproveitou para realizar lucros, tendo ainda como argumento a melhora da perspectiva de crescimento do País em 2020, que deve reduzir o espaço para mais cortes da Selic.

Ainda, no exterior, o dia foi de elevação nos rendimentos dos títulos públicos nos Estados Unidos e na Europa, diante da melhora na perspectiva para a economia global após o fechamento do acordo inicial entre a Pequim e Washington.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com taxa de 4,55% (regular) e 4,545% (estendida), de 4,510% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 terminou em 5,82% (regular e estendida), de 5,722% no último ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 subiu de 6,362% para 6,46% (regular) e 6,48% (estendida) e a do DI para janeiro de 2027 fechou a 6,81% (regular e estendida), de 6,701% no ajuste anterior.

O sinal de alta para as taxas foi definido ainda pela manhã, após uma abertura perto da estabilidade, ainda que o dia não tenha trazido grandes destaques no noticiário ou na agenda. Alguns profissionais afirmam que o investidor preferiu ficar “mais leve” para aguardar os documentos do Banco Central nesta semana e, ao mesmo tempo, relacionaram a pressão das taxas à perspectiva positiva para o crescimento do PIB no ano que vem, o que também ajudou o dólar a cair e a fechar no nível de R$ 4,06.

A questão da atividade é grande expectativa do mercado para a ata que o Copom divulga amanhã, após ter afirmado no comunicado que a partir do segundo trimestre os dados indicam que a “recuperação da economia ganhou tração”, e, ao mesmo tempo, ter trazido projeções de inflação bem comportadas para 2020.

“A impressão é de que o câmbio ainda está numa faixa que não incomoda o Banco Central, ou seja, temos de olhar para a atividade, que para 2020 é mais promissora. Temos observado isso já nos dados recentes, mais alentadores”, disse o economista-chefe da Guide Investimentos, João Mauricio Rosal, que espera crescimento de 2,5% para o PIB no ano que vem, com “viés de alta”.

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Parmenas Alt
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