“Fala-se muito do ‘novo tabaco’, porém uma coisa é uma adição a uma substância e outra é elevarmos ao campo da adição qualquer outra coisa. Chamar novo tabaco a tudo é um pouco exagerado, é uma etiqueta que não serve para tudo”, refere Antonio Escribano, membro da Comissão de Nutrição e Hábitos Saudáveis do Comité Olímpico Espanhol.
Todavia, se há estudos que assinalam que o açúcar é mesmo mais aditivo que a cocaína, até oito vezes, alterando a resposta dos neurotransmissores cerebrais, quase todas as opiniões dos especialistas são unânimes: a quantidade de açúcar necessária ao bom funcionamento do corpo humano conseguimos encontrá-la naturalmente nos alimentos que consumimos.
Escribano explica que “há um século, um ser humano não passava de um consumo de dois quilogramas de açúcar ao ano. Hoje, em países da União Europeia, consomem-se mais de 70 quilos. É uma loucura”, refere o especialista, acrescentando que devido às suas propriedades o açúcar gera comportamentos aditivos. “Quanto mais consomes, mais queres”, conclui. Esta substância é em 90% tão nociva para a saúde como o tabaco.
A verdade, segundo este especialista, é que o pâncreas está apenas preparado para lidar com uma pequena quantidade de açúcar, aquele que conseguimos naturalmente através de alimentos como a fruta e o amido de alguns legumes. Ao consumirmos mais do que o necessário, o pâncreas deixa de ser capaz de sintetizar este alimento e, por isso, crescem os casos de diabetes 2.
Com o crescimento do vegetarianismo abundam os estudos que ligam o consumo de carne a doenças do coração e outras, como o cancro. Porém, se é certo que vários estudos já chegaram à conclusão que ingerimos mais carne e produtos animal do que o necessário, também é certo que este alimento deve em grande parte fazer parte da nossa dieta alimentar.
Escribano, ao El País, explica que um ser humano precisa de um grama de proteína por cada quilograma que pesa, algo que pode ser obtido através da carne, peixe ou mesmo outros produtos. “Há que saber que o nosso organismo precisa de carne porque contém 8 aminoácidos essenciais para os humanos que não sintetizamos. Porém, basta comer carne quatro ou cinco vezes por semana. Mas a carne não tem nenhuma propriedade que possa causar dependência como o açúcar”, refere.
Em termos de comparação com os danos causados pelo tabagismo, refere o especialista espanhol que este pode atingir uma taxa de 5%, algo que advém do facto de esta conter nitritos e nitratos, necessários na maior parte dos casos para a sua conservação.
Quanto ao leite, por exemplo, vários estudos ligam o seu consumo ao desenvolvimento de cancro da mama, da próstata, testículos ou ovários. Todavia, a ingestão moderada poderá ajudar a prevenir a osteoporose.
Segundo o especialista consultados pelo El Pais, o leite “não tem qualquer capacidade de causar dependência e não é prejudicial para a saúde”, refere Escribano, que acrescenta que este alimento "faz parte da nossa estrutura alimentar desde há milhares de anos”, pelo que não é prejudicial para a nossa saúde.
Por fim, o sedentarismo. Relativamente a este ponto, refere o El Pais que além de aumentar o risco de problemas de excesso de peso ou levar à obesidade, não se traduz num comportamento aditivo, porém, quando comparado com os males do tabagismo, atinge uma taxa de 75%.
“É um hábito nada desejável. Sem esquecer que 80% dos cancros verificados no primeiro mundo estão diretamente relacionados com o facto de as pessoas levarem uma vida sedentária e comer muito e mal”, conclui Escribano.
Por isso, se quiser fazer um novo exame à sua conduta alimentar e desportiva, reveja alguns dos pontos que lhe deixamos.
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