quinta-feira, 21/11/2024
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Coação, o delito da vez

O grupo de João Arcanjo Ribeiro forçou uma testemunha a mudar o depoimento no Tribunal do Júri com o intuito de beneficiar o próprio bicheiro e membros de sua organização. A informação consta na decisão da juíza Selma Rosane Santos Arruda que determinou sua transferência para o presídio federal de Campo Grande (MS). “Após ter sido coagida, a testemunha teria tentado sustentar uma mentira para beneficiar João Arcanjo”, escreveu a magistrada.

Segundo informações que constam na decisão, o Ministério Público Estadual conseguiu gravar diálogos que comprovam a tentativa de se modificar o testemunho.

O julgamento a que se refere a magistrada foi o do ex-soldado Célio Alves de Souza, ocorrido em 22 de setembro de 2007 no Fórum de Várzea Grande. Na ocasião o ex-PM acabou condenado a 30 anos de cadeia pelo assassinato de três garotos que haviam assaltado um motociclista responsável pelo recolhimento das apostas do jogo do bicho.

Durante o júri, o motociclista Getúlio Tonel Leoni surpreendeu a todos ao dizer que não havia sido assaltado. A afirmação revoltou o promotor Mauro Curvo, que enxergou no depoimento uma manobra da defesa de Arcanjo, que embora não tenha sido julgado naquele dia, também está denunciado por este crime. O Ministério Público Estadual (MPE) defendeu que com isso a testemunha pretendia inocentar o “comendador”, seu patrão na época. Sem o assalto, não haveria crime nenhum. Ameaçado de sair preso do Fórum por falso testemunho, Getúlio acabou voltando atrás e confirmando ter sofrido o assalto.

João Arcanjo Ribeiro foi transferido para Campo Grande anteontem. Investigações do Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público descobriram que ele ainda comandava o jogo do bicho no Estado. Segundo dizem os promotores do Gaeco, o bicheiro inclusive havia pagado propina a dois delegados para auxiliá-lo no controle da contravenção na região norte de Mato Grosso.

Segundo consta no pedido do Ministério Público, o jogo do bicho era gerenciado pelo genro do comendador, Gioavanni Zem Rodrigues, que prestava contas ao sogro na cadeia. “O reeducando transformou sua cela em “escritório de operações”, escreveu o MP.

Na decisão que determinou a transferência de Arcanjo, a juíza também levou em consideração o risco iminente de uma rebelião no Pascoal Ramos, onde ele estava preso.

Segundo escreveu a magistrada, um ofício da diretoria da unidade prisional informava a Justiça da possibilidade de ocorrência de uma rebelião de grandes proporções. O motim começaria no raio 4 e se estenderia para o 5, exatamente onde estava Arcanjo.

“Ao tomarem o raio 5, os presos possivelmente farão reféns para negociação com autoridades. O que conclui o Ministério Público, com razão, é que possivelmente um dos reféns possa mesmo ser o reeducando João Arcanjo Ribeiro, talvez o mais ‘famoso’ dos que lá estão”, escreveu Selma. De acordo com as informações recebidas pela juíza, a rebelião poderia ocorrer no período noturno.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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