O clérigo radical Abu Qatada, considerado o líder espiritual da Al-Qaeda na Europa, foi detido nesta terça-feira em Londres e deve ser deportado à Jordânia, informou o Ministério do Interior britânico.
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Qatada, que passou seis anos e meio preso no Reino Unido sem acusações, havia sido colocado em liberdade condicional em fevereiro após uma sentença do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, que em janeiro decidiu contra sua extradição à Jordânia.
A notícia foi dada antes de a ministra do Interior, Theresa May, fazer uma declaração ao Parlamento sobre suas negociações para conseguir da Jordânia as garantias necessárias de que ele não será torturado no país do Oriente Médio.
A deportação não é automática, já que, como parte do processo de expulsão, espera-se que Qatada compareça ainda nesta terça-feira perante a Comissão Especial de Apelação de Imigração, que atenderá o caso.
O Reino Unido, que considera o clérigo uma ameaça à segurança nacional, tentou sem sucesso deportá-lo, e para isso empreendeu um longo processo judicial que durou anos.
Em fevereiro deste ano, Qatada, jordaniano de origem palestina, saiu em liberdade condicional sob estritas condições impostas pela Justiça, e usava um bracelete eletrônico de controle. Até fevereiro, ele esteve preso na penitenciária de alta segurança de Long Lartin, no condado de Worcestershire, no norte da Inglaterra.
Tortura
Em janeiro, um tribunal europeu considerou que a extradição do suspeito a seu país de origem, onde foi condenado à revelia por crimes de terrorismo, violaria seus direitos devido a algumas provas apresentadas em seu julgamento terem sido obtidas sob tortura.
Por causa da decisão, Qatada, a quem o juiz espanhol Baltasar Garzón descreveu como "o braço direito de Osama bin Laden na Europa", reivindicou sua libertação no Reino Unido, e a conseguiu.
Qatada, que chegou ao Reino Unido como refugiado em 1994, foi detido pela primeira vez no país em 2002 por ser suspeito de pertencer à rede terrorista Al-Qaeda, e foi condenado em sua ausência na Jordânia por participar de duas conspirações terroristas em 1999 e 2000.
No passado, Abu Qatada, requerido em vários países por crimes de terrorismo, utilizou seus sermões em uma mesquita de Londres para encorajar jovens muçulmanos ao martírio, pedir a morte dos judeus e justificar ataques suicidas feitos por extremistas islâmicos.
IG/SP