Cientistas identificaram um gene que transforma a mosca “drosophila” macho em bissexual, destaca o último número da revista “Nature Neuroscience”.
De acordo com um artigo publicado no periódico, o gene descoberto, quando “desativado”, impede que a mosca diferencie o sexo de outra durante a fase de cortejo.
O estudo foi elaborado por especialistas da Universidade de Illinois, em Chicago (EUA), da Universidade de Borgonha (França) e do Centro de Genômica de Lausanne (Suíça).
Segundo os pesquisadores, a desativação do gene foi feita em laboratório, mediante medicamentos e manipulação genética.
Os experimentos comprovaram que quando a produção de uma proteína de transporte específica das células gliais é suspensa numa mosca macho, o inseto deixa de distinguir fêmeas de machos durante o cortejo.
Os resultados da pesquisa sugerem que as células gliais, integrantes do sistema nervoso e que dão suporte aos neurônios, têm uma importante função no circuito cerebral relacionado ao acasalamento.
Além disso, mostram que a relevância delas no funcionamento do cérebro costuma ser subestimada.
Cortejo
Durante o estudo, os cientistas descobriram que, quando o transportador de glutamato do gene pesquisado é inativado, as moscas machos cortejam outros exemplares do mesmo sexo com igual entusiasmo.
Este transportador glial específico, que os pesquisadores decidiram chamar de “gênero cego”, é responsável por manter os níveis corretos do neurotransmissor glutamato no espaço extracelular.
De acordo com o artigo, é de se esperar que as mudanças no glutamato afetem a função das células nervosas que controlam o reconhecimento durante o processo de acasalamento, embora os detalhes deste circuito ainda precisem ser estudados.
FOl