Para pesquisadores, técnica poderá ser utilizada como complemento no tratamento da doença e, posteriormente, como estratégia de prevenção
Os testes feitos com camundongos mostraram que a técnica conseguiu bloquear ou frear o desenvolvimento de tumores de mama, pulmão e pele nos animais durante a “prova de conceito”, usada por cientistas para provar uma teoria, que apresentou bons resultados que sugerem sua eficácia na luta contra o câncer futuramente.
A ideia de utilizar células-tronco se deu a partir de sua capacidade de se transformar em qualquer tecido do corpo rapidamente. As células cancerosas possuem característica semelhante, e em razão de sua reprodução descontrolada são formados os tumores sólidos. Elas apresentam também estrutura molecular parecida em sua superfície que pode provocar uma reação do sistema imunológico, chamada antígeno.
Pensando nisso, os pesquisadores decidiram criar uma vacina para “ensinar” o sistema imunológico a atacar as células cancerosas. Foi preciso coletar células adultas dos animais e transformá-las em células-tronco de embriões, conhecidas como células-tronco de pluripotência induzida (iPSC, em inglês). Então, elas foram “desativadas”, deixando sua capacidade de reprodução e tornaram-se um “câncer” para que fossem injetadas nos animais.
Teste
A pesquisa contou com 75 camundongos vacinados com as iPSC. Quatro semanas depois, 70% dos roedores exterminaram células tumorais de câncer de mama introduzidas em seus organismos, enquanto os outros 30% desenvolveram tumores significativamente menores que os do grupo de animais que não receberam a vacina. O teste foi feito depois com células de câncer de pele e pulmão.
Para os pesquisadores, a técnica se mostrou capaz de superar um dos desafios mais difíceis das imunoterapias contra o câncer que é o número limitado de antígenos apresentado ao sistema imunológico ao mesmo tempo que ele reaja e passe a atacar as células tumorais.
“Apresentamos ao sistema imunológico um maior número de antígenos tumorais encontrado nas iPSCs, o que faz nossa abordagem menos suscetível à evasão do ataque imunológico pelas células cancerosas”, explicou Joseph C. Wu, líder do estudo e também principal autor de artigo sobre a experiência, publicado na edição desta semana do periódico científico “Cell Stem Cell”.
Para a comunidade científica, a esperança é que no futuro seja possível coletar células de pacientes com câncer e reprogramá-las ao estágio de células-tronco de pluripotência induzida para serem usadas na produção de vacinas individuais. No início elas seriam usadas como complemento aos tratamentos já existentes, mas pode ser que, com aperfeiçoamento, a técnica seja utilizada como uma estratégia de prevenção.