As chuvas ocorridas esta semana em Mato Grosso, que ao contrário do ano passado vieram mais cedo, surpreenderam os produtores do estado. Em 2008 somente a partir da segunda quinzena de setembro é que as chuvas chegaram, dando tempo de concluir a colheita da segunda safra de milho, armazenada a céu aberto. Este ano, no entanto, cerca de 500 mil toneladas do produto ainda estão nas lavouras ou estocadas a céu aberto, aguardando os leilões da Conab através do Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) do Ministério da Agricultura.
No final de julho a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) formalizou pedido ao Ministério da Agricultura e alertou que havia uma situação de risco quanto à falta de espaço para armazenar a safra de milho. Agora, muitos armazéns estão tendo que secar novamente o milho molhado pela chuva ou transferir o produto para outras unidades, num processo que vai elevar ainda mais o custo de produção.
“O mais angustiante é que, diante de um cenário de estoques elevados e safra em níveis normais, o governo ainda tente elevar os níveis de produtividade das principais culturas no país, o que é, sem dúvida nenhuma, um enorme contra-senso” disse o presidente da Federação, Rui Prado. Para ele, o governo não pode ignorar fatores como relações de mercado, estoque, demanda e macroeconomia, e exigir que o produtor rural desconsidere a viabilidade e produza em níveis negativos para que não tenha sua propriedade expropriada. “Quando se tenta fazer prevalecer os interesses de algumas categorias a qualquer custo, alguém inevitavelmente vai pagar a conta, e nesse caso, quem está pagando a conta é o produtor rural”, destacou Prado.
Elisete Mengatti / Cleber Gellio