O verão acabou, mas os estados e municípios não devem interromper os cuidados com a dengue. O alerta foi feito nesta segunda-feira (4), pelo secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Segundo ele, a intensificação das chuvas e o calor contínuo em vários estados favorecem a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
Por isso, ações para eliminar criadouros do inseto devem ser mantidas, mesmo com a redução de 37% nos casos de dengue, no comparativo entre janeiro e fevereiro de 2011 e 2010. Este ano, até 26 de fevereiro, foram 155.613 casos em todo o País, contra 248.385 no mesmo período do ano passado.
Barbosa lembra ainda que é fundamental ficar atento para o surgimento dos primeiros sintomas da doença – recomendações que valem tanto para os gestores municipais e estaduais de Saúde quanto para a população. Os sintomas e o tratamento dos pacientes independem do tipo de vírus que causa a doença.
“A combinação do trabalho preventivo de cada família com as ações do Poder Público é capaz de reduzir a população do Aedes aegypti e, consequentemente, evitar epidemias”, afirma Jarbas Barbosa.
Segundo o Ministério da Saúde, entre dezembro e maio, as pessoas devem redobrar os cuidados com suas casas, verificando o armazenamento de água, o lixo e todos os recipientes que possam acumular água e virar criadouros do mosquito. “Além disso, a população deve cobrar das prefeituras o mesmo cuidado no ambiente público, com o recolhimento regular de lixo nas vias, a limpeza de terrenos baldios, praças, cemitérios e a fiscalização de borracharias”, recomenda o secretário.
De acordo com o último Levantamento do Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado em dezembro de 2010 pelo ministério, a maior parte dos criadouros do mosquito encontrados nas capitais do Norte e Nordeste estavam relacionados ao abastecimento irregular de água, em depósitos como caixas d’água, tambores e toneis.
No Sudeste e no Sul, predominam os criadouros em depósitos domiciliares, ou seja, dentro da casa ou do ambiente de trabalho das pessoas, em vasos e pratos de plantas, ralos, lajes e calhas. No Centro Oeste, as larvas do mosquito foram encontradas, na maioria das vezes, nos chamados resíduos sólidos, depósitos relacionados ao lixo acumulado.
Sorotipos e sintomas
De acordo com o Ministério da Saúde, existem quatro variações (sorotipos) do vírus da dengue: Denv-1, Denv-2, Denv-3 e Denv-4. Todos estão presentes no País. São transmitidos da mesma maneira (pela picada da fêmea do Aedes), produzem a mesma doença, têm sintomas idênticos e requerem os mesmos cuidados e tratamento.
A diferença é que a pessoa infectada pelo Denv-1, por exemplo, fica imunizada para este sorotipo, mas pode ter dengue novamente, se for infectada pelos outros três sorotipos. E, a cada nova infecção, aumentam as chances de o paciente desenvolver uma forma grave, caso a doença não seja identificada e tratada de maneira rápida e adequada.
“Não é importante, nem para o paciente, nem para o profissional de saúde, saber qual sorotipo está provocando a doença. Isso só vai atrasar o tratamento, pois não mudará em absolutamente nada os procedimentos que o médico deve adotar”, alerta o secretário Jarbas Barbosa.
“Como não existe nenhum medicamento específico contra a dengue, a conduta do médico para os tipos 1, 2, 3 e 4 é exatamente a mesma. Não precisa identificar em todas as pessoas qual o sorotipo do vírus, há outros exames muito mais importantes, como a contagem de plaquetas e o hemograma, para acompanhar a evolução do paciente e evitar agravamentos e mortes”.
Para a população, a recomendação é procurar o serviço de saúde mais próximo se surgirem os primeiros sintomas da doença: febre, dor de cabeça, dores nas articulações e no fundo dos olhos. E, fundamental, não tomar remédio por conta própria, pois isso pode mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico. Além disso, um medicamento inadequado pode contribuir para agravar o quadro do paciente, aumentando a chance de morte. É importante que o paciente seja mantido bem hidratado.
Cartilha
Para mais informações sobre a doença, acesse o especial “Entenda a dengue”, que o Ministério da Saúde elaborou para explicar, de maneira simples, sua história no Brasil e no mundo, o comportamento do mosquito transmissor e, principalmente, quais as responsabilidades de cada um (setor público, privado e sociedade) no seu combate. Veja a cartilha no site do Ministério da Saúde.
O material informa, por exemplo, que a dengue afeta mais de 100 milhões de pessoas por ano no mundo; que o controle da doença envolve, além do setor saúde, fatores como infraestrutura das cidades, transporte de pessoas e cargas e meio ambiente; e que, enquanto não houver uma vacina disponível, somente uma ação conjunta entre poder público, setor privado e a população poderá ser capaz de controlar a doença.
Fonte:
Ministério da Saúde