Na véspera, o presidente americano, Barack Obama, anunciou apoio a um assento permanente para a Índia no órgão, visto como reflexo do crescente peso do país asiático no cenário global e um desafio à rival China.
Analistas apontam que o país comunista, com quem a Índia tem pontos de atrito, seria grande opositor de sua entrada no poderoso conselho –mesmo que utilizasse aliados entre os membros não permanentes para vetar uma reforma.
Brasil, Alemanha e Japão, entre outros, também pleiteiam uma vaga permanente, e a reforma poderia beneficiar também um país africano, como África do Sul, Egito ou Nigéria
“A China apoia as reformas apropriadas e necessárias ao Conselho de Segurança da ONU”, disse Hong Lei, porta-voz da Chancelaria chinesa.
“A China entende o desejo da Índia de entrar no Conselho de Segurança. A China está disposta a manter contatos com outros países, inclusive a Índia, e participar em negociações sobre a entrada de mais países em desenvolvimento.”
Tal reforma, porém, seria um processo longo e difícil, que pode enfrentar resistências de outros países-membros.
A China e a Índia têm relações espinhosas em vários aspectos, incluindo disputas territoriais na cordilheira do Himalaia. Recentemente, o governo chinês intensificou suas reivindicações territoriais sobre partes do Estado indiano fronteiriço de Arunachal Pradesh.
O Conselho de Segurança da ONU sempre teve cinco membros permanentes com poder de veto, mas essa composição foi criticada por não refletir a divisão de poder no século 21. Os cinco assentos pertencem a EUA, China, Reino Unido, França e Rússia. Há ainda outros dez membros não permanentes.
A Índia alega que ter uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU refletiria seu crescente peso no G20, na medida em que sua economia de trilhões de dólares ajuda a reduzir os efeitos da crise econômica.
BRASIL
Nesta segunda-feira, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil classificou de “boa notícia” e “bom sinal” o apoio de Obama a uma reforma do Conselho, bandeira que Brasília defende há tempos.
Para o Itamaraty, o fundamental é garantir a reforma, porque seria difícil excluir o Brasil, que cresce política e economicamente no cenário internacional e é considerado naturalmente “dentro”, segundo reportagem da Eliane Cantanhêde, da Folha. O problema é que, para cada candidato, há um ou mais antagonistas. No caso brasileiro, o México e, até recentemente, também a Argentina.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em Maputo, no Moçambique, que os EUA são “apenas uma voz” dentro conselho e que o Brasil tem o apoio de França, Reino Unido e China para integrá-lo.
O presidente afirmou esperar que, a partir de agora, Obama faça de seu apoio à Índia um compromisso e impulsione mudanças na ONU. Ele lembrou ainda que a reforma é a grande bandeira do G4, formado ainda por Índia, Alemanha e Japão.