Para alertar movimentos em defesa de futuras divisões do estado de Mato Grosso, a deputada Chica Nunes (PSDB) realizou na Assembléia Legislativa, uma audiência pública intitulada “Os prós e contras do desmembramento que resultou no Estado de Mato Grosso do Sul”.
Mesmo depois de trinta anos da divisão dos estados – em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso -, o assunto ainda é alvo de debates, críticas e muita discussão política.
O tema foi tratado durante o evento pelo ex-governador Garcia Neto; ex-prefeito de Cuiabá, Frederico Campos; o diretor presidente do CDL, secretário Adjunto de Cultura do Estado; Toco Palma; o jornalista e historiador, Onofre Ribeiro e um representante da Prefeitura de Cuiabá, além da parlamentar.
De acordo com Chica Nunes, a audiência promoveu o conhecimento e debate sobre as versões de fatos políticos que com o tempo foram distorcidas e ocultadas da população, após o decreto que originou a criação de um novo estado à época. “O sentimento que ficou é de que a sociedade mato-grossense, de uma forma em geral, não ficou satisfeita com a divisão. Muitos entendem até hoje que dividir é diminuir”, avaliou a deputada. Segundo a deputada, que se diz contra aos novos sentimentos de divisão, a proposta remete a fatos nada somatórios à economia de Mato Grosso – que com o passar do tempo conseguiu se reerguer sendo atualmente um estado promissor. “Àquela época, só nos restou dívida”, disse.
Nunes falou também sobre as recentes propostas divisionistas, que considera “eleitoreiras”, “momentâneas” e “isoladas”. “É triste. Mato Grosso não agüenta mais despesas, já absorvidas com a antiga divisão”, afirmou a deputada ao se referir ao pagamento de antigos servidores do estado de Mato Grosso, que vivem em Mato Grosso do Sul. “A folha de pagamento é alta e se fosse revertida em ação social daria para amenizar os problemas do setor de saúde”, analisou.
Ela parabenizou o atual governo pela manutenção do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), criado no governo Dante de Oliveira, que vem sendo utilizado para a construção de casas populares, abertura e pavimentação das principais rodovias do estado. “Devemos reconhecer o tratamento inteligente e imparcial do atual governo com o Fethab, embora o fundo tivesse sido bastante criticado na ocasi”, afirmou Chica.
Para a estadual, o fato do governo ter indicado membro para o DNIT não ajudará Mato Grosso obter mais recursos do governo federal. “Temos que nos unir e lutar pelo crescimento com viabilidade de infra-estrutura para mais investimentos”, observou a parlamentar.
Toco Palma criticou o fato de a divisão ter sido por meio de um decreto. “Será que se naquela época houvesse um plebiscito a população teria votado sim?”, questionou Toco. Garcia Neto também defendeu a política da integração à divisão. “Sempre fui contra o que ocorreu”, disse o ex-governador, que naquele tempo foi vencido pelo Congresso Nacional.
Para Frederico Campos, o que ele planejou para o desenvolvimento de Cuiabá deu certo. No entanto, ele acredita que Mato Grosso tenha que se preparar para os novos rumos diante das dificuldades no sistema de transporte. “O que emperra o crescimento mais rápido do estado ainda é o transporte”, disse o ex-prefeito ao defender a expansão dos trilhos da Ferronorte até a Capital.
