A alta dos preços alimentícios é um “massacre” contra os pobres do mundo e está criando uma crise nutricional global, disse na terça-feira o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que qualificou a situação como um sinal do declínio do sistema capitalista.
Horas antes, o Programa Mundial de Alimentos da ONU havia comparado a alta dos preços alimentícios a um “tsunami silencioso”, que estaria ameaçando mais de 100 milhões de pessoas nos cinco continentes.
“É um verdadeiro massacre o que está acontecendo no mundo”, disse Chávez pela TV, citando estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito das mortes causadas por fome e desnutrição.
“O problema não é a produção de alimentos, é o modelo econômico, social e político do mundo. O modelo capitalista está em crise”, disse Chávez, aliado da Revolução Cubana que mantém uma alta popularidade em parte graças aos subsídios à alimentação dos venezuelanos mais pobres — embora o país enfrente nos últimos meses um desabastecimento de produtos como leite e açúcar.
Em visita a Caracas na quarta-feira para encontrar Chávez e outros líderes de esquerda, o vice-presidente cubano Carlos Lage acusou os países desenvolvidos de provocarem a alta dos preços devido ao uso dos biocombustíveis.
“Os países desenvolvidos querem alimentar os carros dos ricos com comida — este é o mundo irracional onde vivemos hoje”, disse Lage, repetindo uma frequente acusação de Chávez, a de que os EUA estão provocando uma alta nos preços de produtos essenciais ao promoverem o uso mais intensivo do etanol, que lá é extraído do milho.