A degradada relação entre o governo venezuelano e a Igreja Católica passa por seu pior momento. Em sua última intervenção dominical televisiva, no “Alô Presidente”, Chávez acuso o cardeal-arcebispo de Caracas, Jorge Urosa, de estar por trás de um golpe de Estado contra seu governo. “Eu poderia inclusive ir a um tribunal, porque o cardeal está acusando a mim, e os bispos, de que estou violando a Constituição”, disse o presidente, e acrescentou que “por trás do jogo do cardeal está o golpe de Estado”.
Com sua habitual verborreia, Chávez declarou guerra aberta à Igreja, referindo-se a Urosa em tom de perseguição. “O senhor terá de me aguentar por toda a vida, porque se meteu não comigo, mas com o povo. Vou lhe dedicar toda a minha vida, cardeal. Não vai tirar a alegria de Chávez, cardeal, não vai tirar, compadre, porque sei quem você é, sei da pequena estrutura moral que tem”, soltou o presidente.
O confronto começou no início do mês, quando Urosa acusou Chávez de violar a Constituição ao querer impor uma “ditadura comunista”. O presidente respondeu na semana passada tachando o cardeal de “troglodita” e encarregando o ministro das Relações Exteriores de revisar a concordata entre a Venezuela e o Vaticano. O acordo data de 1964 e permite o financiamento da Igreja venezuelana com as rendas do petróleo, coisa que para Chávez, sim, viola a Constituição. O presidente ameaçou romper relações com a Santa Sé.
A Igreja respondeu à acusação de golpismo. O segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, Roberto Luckert, disse que é “uma temeridade falar de conspiração” e acrescentou que Urosa não responderá “aos insultos e desqualificações” de Chávez. Luckert esclareceu que “o cardeal não inventou nada, foi o próprio presidente quem disse que é marxista”.
Chávez vinha reiterando que a Igreja apoiou o golpe de 2002 contra ele e agora alega que Urosa – então bispo da cidade venezuelana de Valencia – teve um papel relevante.
UOL
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves