Coordenador financeiro da campanha de Pedro Taques (PSDB) ao governo de Mato Grosso em 2014, o empresário Alan Malouf citou, no acordo de delação premiada firmado com a Procuradoria Geral da República (PGR), que o Grupo Petrópolis, dono da cervejaria Itaipava, fez uma doação de R$ 3 milhões ao governador após a vitória dele nas eleições. Em troca, segundo ele, houve acordo para o recebimento de incentivos fiscais do governo.
Em nota, o Grupo Petrópolis informou que as doações para campanhas eleitorais estão registrados e comprovadas em órgãos competentes, de acordo com o que determina a legislação. Alegou não ter recebido qualquer incentivo fiscal por favor de qualquer pessoa, mas por direitos fixados na lei de incentivo fiscal.
Malouf afirmou que, ao fim das eleições, ficou uma dívida de cerca de R$ 7 milhões da campanha eleitoral. Desse modo, o grupo empresarial que apoiou a candidatura do tucano com doações em caixa 2 e outros aliados se movimentaram para saldar esses débitos. Um desses aliados é o ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques, que é primo do governador, que captou esse recurso.
Conforme o delator, que já teve a colaboração homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Paulo Taques, que está preso, pediu ajuda à cervejaria. Essa doação chegou a ser declarada à Justiça Eleitoral.
“Que se recorda que em uma reunião com Pedro Taques e Paulo Taques na residência do Pedro Taques, o peticionante presenciou Paulo Taques ligar para um diretor da referida empresa, solicitando do mesmo a doação de mais R$ 2 milhões, pois até aquela data a referida cervejaria já havia doado RS 1 milhão”, diz trecho do documento.
Segundo Alan Malouf, a Cervejaria Itaipava tinha o maior benefício de renúncia fiscal entre empresas de bebidas, o que contrariava o discurso do governador e ainda reduzia a arrecadação do estado.
Ele apontou que pelos cálculos do então secretário de Fazenda da atual gestão, Paulo Brustolin, na época as empresas de bebidas tinham 100% de renúncia fiscal. Com isso, o estado deixava de arrecadar mais de R$ 200 milhões por ano.
O empresário disse à PGR que Pedro Taques assumiu esquemas da gestão do antecessor e adversário político, Silval Barbosa, como a concessão de incentivos fiscais em troca de dinheiro.
No ano passado, Alan Malouf foi condenado a 11 anos de prisão por integrar uma organização criminosa que desviou verba da Secretaria Estadual de Educação (Seduc-MT) entre 2015 e 2016. As fraudes são investigadas na Operação Rêmora. Malouf foi preso em dezembro do ano passado, mas solto alguns dias depois.
No entanto, por meio da defesa dele, propôs acordo de colaboração premiada e apresentou detalhes de um esquema de desvio de dinheiro público.