Cidadãos irritados e servidores desanimados. Esse é o cenário encontrado na ‘Central de Atendimento ao Cidadão’, da prefeitura de Várzea Grande. Por lá, a desorganização administrativa e a falta de infraestrutura tem causado transtornos não só aos contribuintes, como também aos próprios atendentes do setor, que reclamam da falta de condições de trabalho para atender a população. Dos 12 guichês instalados, apenas quatro funcionam regularmente. O painel eletrônico que anuncia a senha para atendimento está desde a gestão do ex-prefeito Murilo Domingos (PR), afastado em julho, com defeito e até hoje não sofreu reparo. A senha de atendimento é impressa e o cidadão só é atendido quando os atendentes, todos estagiários, chamam em voz alta. Ação essa que causa incômodo tanto para o contribuinte, quanto para o próprio servidor publico. “Ao final do dia sentimos dor na garganta de tanto ficar gritando os números das senhas, devido ao tumulto de pessoas que aqui tem. É comum chamarmos o mesmo número duas ou três vezes já que dispomos de um controle de atendimento, o que atrasa nosso serviço e irrita quem está pra ser atendido”, relata uma das atendentes que não quis ter o nome divulgado com medo de represálias.
“Isso é um descaso. Este setor deveria ser a menina dos olhos do prefeito, afinal é aqui que o contribuinte vem para pagar seus impostos. Se está assim no lugar onde se arrecada, imagina então outros setores”, desabafa a aposentada Maria Eugênia da Silva Cortez, de 63 anos. Ela, assim como todos os contribuintes que vão ao setor, define a unidade como caótica.
Dos quatro guichês funcionando, não há nenhum definido que atenda os que têm senha preferencial – pessoas com deficiência definitiva ou momentânea, acima de 60 anos ou gestantes. O atendimento é definido de acordo com o fluxo de pessoas. “Não há controle pra sabermos se tem mais senhas preferenciais ou não. O controle é feito no olho mesmo”, explica a servidora.
Para a jornalista Luciana Cury, que por três dias seguidos esteve na Central, a desorganização no setor mostra a falta de interesse da Secretaria de Receita e Finanças, responsável pela unidade administrativa, em tratar com respeito o contribuinte. “Na terça-feira liguei no serviço Alô Prefeito, no 0800-647-4142, para reclamar dessa situação e a própria atendente, chamada Liliane, mostrou despreparo para o cargo. Quando eu a questionei se a minha reclamação seria levada adiante, ela respondeu que iria verificar”, comenta a jornalista.
O sistema lento e que constantemente fica ‘fora do ar’ são outros problemas enfrentados pelos funcionários. “Assim como o cidadão que vem aqui, nós também sofremos com essa situação. Já foi passado para a direção todos esses problemas, mas nada foi feito até agora”, reclama um dos servidores, que prefere manter-se no anonimato.
O secretário de Receita e Finanças, Jorge Merquíades de Magalhães, foi procurado, mas não estava na prefeitura para falar sobre esse assunto.
A Central de Atendimento ao Consumidor funciona das 8hs às 11hs e das 13hs às 17hs.
Luciana Cury/Jornalista.