Da comida em excesso ao consumo exagerado de bebida alcoólica, especialista explicam como desfrutar das festas no Natal e Ano Novo sem arrependimentos
Um em cada cinco brasileiros vive com obesidade ou sobrepeso conforme apontam dados da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). De fato, o Brasil é um dos países com o pior padrão alimentar no mundo e as tentações na mesa das festas de fim de ano tendem a contribuir com os excessos.
Porém, a nutricionista clínica e esportiva Carla Cabral, ressalta que a comida da ceia não precisa ser vista como vilã. “É possível sim sair um pouquinho da dieta, mas com moderação e sempre pensando na alimentação saudável. O exagero na comilança pode desencadear consequências nada agradáveis”, pontua.
Cuidado com excessos é fundamental
A nutricionista explica que tudo precisa começar pelos pratos de entrada já que a mesa da ceia costuma ser farta. “Uma boa dica para não exagerar é comer de tudo um pouco, mas sem pressa e realmente aproveitando o sabor dos alimentos”, recomenda.
Contudo, Carla Cabral explica que a atenção no preparo da comida que vai ser servida também é fundamental. Segundo ela, é possível evitar excessos de sal, açúcar e gordura sem abrir mão do sabor. “Pratos comuns da época como chocotones, bolos açucarados e carnes com pele e gordura aparentes, além de contribuírem para o aumento de peso, estão diretamente relacionados ao agravo de doenças crônicas não transmissíveis”, afirma.
Por isso, a especialista recomenda optar por carnes que não venham temperadas ou com aditivos químicos, preferir temperos naturais, usar oleaginosas e peixes frescos, que possuem menor conteúdo de gordura e alta proporção de gorduras saudáveis (insaturadas).
Pequenas dicas, grandes benefícios
A nutricionista ainda dá algumas dicas que podem ajudar a deixar a ceia mais saudável sem prejudicar o sabor como trocar o excesso de sal por canela, gengibre e pimenta na hora de temperar os preparos.
Outra recomendação é combinar arroz e farofa – vistos como “vilões” – com frutas secas, lentilha, legumes e castanhas para deixá-los mais nutritivos. Além disso, a especialista reforça a importância de se atentar à composição de um prato equilibrado. Para isso, ela recomenda folhosos verdes que, por serem ricos em fibras, ajudarão no processo de saciedade e a evitar comer demais.
Por fim, Carla reforça que no dia de Natal e Ano Novo é importante realizar as refeições anteriores corretamente a fim de controlar a fome no horário da ceia.
Bebedeira e glicose
Outro ponto de atenção durante as festas é o excesso alcoólico. Além de evitar o exagero, o endocrinologista Guilherme Borges explica que é um erro comum que a pessoa que bebe quantidades maiores também negligencie a comida. No caso de diabéticos isso é ainda mais perigoso.
“O álcool inibe a gliconeogênese hepática, que é a produção de glicose em uma situação de hipoglicemia. Então, existe uma tendência no pós-bebida, dependendo da quantidade ingerida, para o desenvolvimento de hipoglicemia até em manifestações mais graves. Para o indivíduo com diabetes pode haver um aumento da glicose quando ingere a bebida alcoólica já que o álcool acaba sendo um tipo de açúcar. Mas ele também tem esse efeito inibidor. É importante reforçar isso, principalmente para os pacientes diabéticos tipo 1 e para os diabéticos tipo 2 que usam insulina”, argumenta.
Ainda que seja comum ver pessoas que exageram recorrendo a doces, Guilherme frisa que qualquer alimento pode ajudar a combater os efeitos negativos. “Um alimento doce, com açúcar, tem uma absorção mais rápida, então a glicose também sobe mais rápido e melhora o mal-estar, causado pelo fato de o indivíduo estar com a glicemia no limite inferior da normalidade”, finaliza.