domingo, 24/11/2024
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Caso Lutero: cidadania e autocrítica

A pressão de movimentos sociais foi fundamental para que a abertura de
investigação sobre o vereador de Cuiabá, Lutero Ponce (PMDB), tivesse
legitimidade popular. Não fossem as cerca de 300 pessoas em protesto em
frente e dentro da Câmara da capital (quinta, 06), a votação que aprovou a
instalação da Comissão Processante seria apenas um ato legal, institucional.

Como houve “pressão”, a investigação que objetiva saber se o ex-presidente
do legislativo municipal desviou dinheiro público deverá ser fiscalizada
pela chamada sociedade civil organizada.

A participação dos movimentos também estimulará transparência da comissão,
composta pelos vereadores Francisco Vuolo/PR (presidente) e Lúdio Cabral/PT
(relator) e pela vereadora Luecy Ramos/PSDB (membro).

*Conhecimento*

Por isso é importante saber tecnicamente que procedimentos vão orientar os
trabalhos da comissão pelos próximos três meses. O conhecimento desses
mecanismos dará condições aos movimentos de saberem como atuar. Capacitará
militantes a informarem pessoas distantes do processo como funciona o jogo e
quais as ferramentas à disposição.

Ainda, testará a habilidade e a organização dos movimentos para buscarem
outros mecanismos de participação, caso os previstos nas regras locais
limitem seu poder de atuação.

Em suma, o acompanhamento do “caso Lutero” é uma boa oportunidade para
exercitar a cidadania. Para refletir sobre o nível e as formas de
envolvimento da sociedade quanto ao assunto. Também para fazer uma
autocrítica de como andam os movimentos. Ou seja: de como estão funcionando;
que pedagogia (s) utiliza (m) para socializar informações, internamente e
externamente, e tomar decisões.

*Homofobia*

Entendo que um dos tópicos imediatos a ser avaliado pela movimentação é a
postura quanto ao “caso Ralf Leite”. Pois parcela considerável das pessoas
que defendeu nas galerias da Câmara a investigação sobre Lutero – e também
pediu sua cassação – agiu de forma preconceituosa em relação ao outro
parlamentar (PRTB), acusado de abuso de um travesti menor de idade.

Atitudes homofóbicas (preconceito contra a pessoa por conta de sua
orientação sexual) se viram aos montes, e entre risos. Como se houvesse
prazer em ofender o parlamentar pelo fato de ter sido pego com um travesti e
não em razão da acusação de exploração sexual juvenil e das subseqüentes
suspeições de abusar de autoridade e tentar subornar PMs.

*Cidadania e autocrítica*

Como se vê, a caminhada em busca da democracia nos requer acesso às
informações e estudo reflexão sobre as mesmas, mas também nos exige coragem
para fazer a autocrítica e perceber as incoerências. O objetivo de tudo isso
é qualificar nossa participação social, nos melhorarmos enquanto
cidadãscidadãos nos aspectos coletivo e individual.

No mais, continuemos a empreitada. Pois é na luta do dia-a-dia que a gente
muda o mundo.

Gibran Lachowski, jornalista em Cuiabá, professor universitário e militante
de movimentos sociais

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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