Quem vai ao México ou à Argentina encontra o mesmo carro que compraria no Brasil só que com preço diferente: lá é bem mais barato. Impostos mais altos são apenas uma parte da explicação para o mesmo produto custar lá fora, às vezes, quase a metade do que sai no Brasil.
Que tal comprar um carro novo por quase a metade do valor? Quem entra em uma concessionária em Buenos Aires ou na Cidade do México pode encontrar alguns carros idênticos aos vendidos em São Paulo. O que muda, e muito, é a hora de fechar o negócio.
Um modelo que no Brasil custa R$ 32 mil é vendido na Argentina pelo equivalente a R$ 22 mil, e sai ainda mais barato no México: R$ 18 mil.
Não é um caso isolado. Muitos carros fabricados no Brasil custam menos lá fora. O mesmo Hatch 1.6, por exemplo, é vendido por R$ 29.500 no Brasil, R$ 24 mil na Argentina e R$ 17 mil no México. O modelo utilitário 2.0 sai por R$ 59 mil no Brasil, R$ 35 mil na Argentina, e R$ 33 mil no México. “Se o carro é brasileiro, deveria ser vendido mais barato aqui, não lá”, diz um consumidor.
Diferenças tão grandes nos preços são explicadas, em parte, pelos impostos. Na Argentina, a carga tributaria em um automóvel varia de 15% a 20%. No México, 20%. Já no Brasil, fica entre 27% e 40%.
“A carga tributária geral do Brasil é uma das maiores do mundo. Está ali entre as cinco maiores cargas mundiais”, afirma a diretora do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), Letícia do Amaral.
Mas para o consultor do setor automotivo Marcelo Cioffi, não são apenas os impostos que explicam os preços mais salgados no país. As montadoras aproveitam o bom desempenho do Brasil para aumentar a margem de lucro.
“O que influencia o preço é quantos consumidores estão dispostos a comprar. Se você mantém o mesmo preço em outro país que não tem um custo de vida, um poder de compra equivalente ao Brasil, você acaba não vendendo”.
Mas se o carro custa bem mais no Brasil por que então as montadores têm batido recordes de produção e vendas? “Um dos principais fatores que impactam a demanda são o preço do automóvel, renda do consumidor, confiança do consumidor na economia, taxa de financiamento e prazo de financiamento. O que realmente importa é a parcela no final do mês. Se a parcela cabe no bolso do consumidor, esse consumidor que deseja ter um automóvel vai continuar comprando”.
De cada dez carros vendidos no país, pelo menos seis são financiados. A facilidade na compra é decisiva para levar o carro para casa.
G1/Globo