Pequenas feridas na boca, gengiva irritada e sangramentos inexplicáveis. Os sintomas, apesar de aparentemente corriqueiros, podem camuflar uma enfermidade grave, o câncer bucal. Embora não seja tão divulgada quanto os tumores de mama e próstata, a doença deve atingir mais de 15 mil pessoas no País em 2006. A estimativa é do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Ainda segundo a organização, 3.500 brasileiros morreram por conta do câncer de boca em 2005.
A dificuldade em diagnosticar a doença em seu estágio inicial é o que mais preocupa os especialistas. “Os pacientes que procuram por tratamento normalmente não possuem informação sobre o câncer de boca. Muitos acreditam tratar-se apenas de algumas feridas ou aftas, quando na verdade a doença já está em um patamar avançado”, explica a coordenadora do Grupo de Atenção Especial ao Paciente Odontológico da Clínica de Odontologia da Universidade Ibirapuera, Mônica Andrade Lotufo.
Oncologistas garantem que mais de 86% das vítimas do câncer de boca são homens. Além disso, o risco de desenvolver a doença é 100 vezes maior em indivíduos com mais de 40 anos que fumam e consomem álcool. Outro fator que predispõe o indivíduo ao câncer de boca é a exposição ao sol. “O câncer labial está associado a países tropicais, como o Brasil, a exemplo do câncer de pele. Boa parte dos casos poderia ser evitada com a simples utilização de protetor labial”, diz Mônica.
Quando diagnosticado em estágios iniciais, o câncer de boca pode ser curado em 80% dos casos. Já quando o paciente leva cinco anos para descobrir a doença, este índice cai para 50%. A melhor forma de detectar a enfermidade é realizar um auto-exame periodicamente. “Ao encontrar qualquer alteração, o paciente deve procurar um cirurgião dentista que irá avaliar a necessidade de realização da biópsia”, recomenda a dentista do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC), Ana Paula Venturini.
Para tratar o câncer de boca, o profissional pode optar pela cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, procedimentos que podem ser realizados isoladamente ou de forma associada. Geralmente, lesões iniciais, restritas ao local de origem, são tratadas com cirurgia ou radioterapia, com cura estimada em 80% dos casos. Quando a doença está em estágios avançados, os médicos costumam escolher a quimioterapia como técnica de tratamento. O objetivo é conseguir a redução do tumor, para depois recorrer à radioterapia ou cirurgia.
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