sábado, 23/11/2024
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Câmara reabre os trabalhos com atos de censura

Na sessão de abertura da Câmara Municipal de Cuiabá de ontem terça-feira, 2 de agosto, os vereadores deram uma verdadeira demonstração do que é autoritarismo: vetaram qualquer direito de manifestação do vereador Lúdio Cabral (PT). Os vereadores estão irritados com a repercussão gerada pela aprovação na surdina do Projeto de Lei que viabiliza a privatização da Sanecap, denunciada por Lúdio.

Logo no início da sessão, Lúdio fez a leitura no plenário sobre o requerimento de instalação de uma CPI da Sanecap, já que vereadores e prefeito alegam que a Companhia é inviável. “Há várias denúncias de irregularidades na gestão da Sanecap, de vários anos. Se ela é inviável mesmo, precisamos saber o porquê. Precisamos saber o que tornou a Sanecap inviável”, justificou o vereador. O requerimento precisa ter 7 assinaturas para que a CPI seja instaurada. No início da sessão, Lúdio e os vereadores Domingos Sávio (PMDB) e Clóvis Hugueney (PTB) – o Clovito – assinaram o documento, mas Clovito voltou atrás e pediu que a assinatura fosse retirada.

A pauta de votação não previa a discussão sobre o Projeto de Lei que viabiliza a privatização da Sanecap, no entanto, os vereadores falaram das suas posições e citaram, por diversas vezes, o nome do vereador Lúdio, que não teve direito a resposta em nenhuma das “questões de ordem” solicitadas. O vereador Antônio Fernandes (PSDB) chegou a afirmar, durante a sua fala, que Lúdio não falaria. “Todos podem falar sobra a sua posição aqui, até o vereador Lúdio. Quer dizer, hoje o Lúdio não fala, não é presidente?”

Por volta das 9h30, integrantes do Fórum Contra a Privatização da Sanecap chegaram na Câmara, com um grande ato organizado. Alguns integrantes entraram nas galerias, apresentando senhas e submetidos a revista policial, como estabeleceu a Presidência da Câmara ontem, como condição para entrada. Enquanto alguns vereadores defendiam a privatização e criticavam os que acreditam em uma Sanecap bem gerida, mas pública, os manifestante mostraram cartazes chamando-os de “traidores”.

Apesar dos insistentes convites dos manifestantes para dialogar com os vereadores, esses preferiram ignorar o ato e reafirmar suas posições em frente as câmeras do Plenário.

Lúdio tinha em mãos, para leitura na sessão, a “Carta do povo aos vereadores de Cuiabá”, assinada pelo Fórum Contra a Privatização da Sanecap, que reúne centenas de entidades de bairro, trabalhistas, estudantis e sindicais, entre elas a União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairros (Ucamb), União Coxipoense de Associações de Moradores de Bairros (Ucam), Federação Matogrossense das Associações de Moradores de Bairros (Femab) e Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Saneamento Ambiental de Cuiabá (Sintaesa). Como os vereadores não permitiram sua fala, ainda não tomaram conhecimento do teor da carta.

O deputado Valtenir Pereira (PSB) também participou do protesto. Com o cartaz que dizia “tornar os serviços públicos ruins é justificativa para privatizar”, Valtenir também solicitou fala durante a sessão e teve o pedido negado pela Mesa Diretora.

Luana Soutos

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Parmenas Alt
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