A segunda caixa-preta do Airbus 330 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 2009, resgatada está em bom estado e deve poder ser analisada. A informação foi dada nesta terça-feira por Jean-Paul Troadec, diretor do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), que apura as causas do acidente que matou 228 pessoas.
De acordo com Troadec, é “pouco provável” que os dados da segunda caixa-preta “não possam ser explorados”. A segunda caixa-preta encontrada e resgatada, segundo comunicado do BEA, é o Cockpit Voice Recorder, que grava as conversas dos pilotos e qualquer outro som emitido na cabine.
“Essa caixa-preta está inteira. O módulo de memória está preso ao chassi, diferentemente da primeira encontrada. De um modo geral, o aspecto externo do equipamento está em bom estado”, afirmou o diretor do BEA.
Ele ressalta, no entanto, que somente será possível saber se o cartão de memória situado na parte interna, que contém os dados de voz, teria sofrido corrosão quando a caixa-preta for aberta, na sede do BEA, nos arredores de Paris.
Primeira caixa-preta
No domingo, os investigadores franceses encontraram o módulo de memória da caixa-preta chamada Flight Data Recorder (gravador de dados do voo, FDR, na sigla em inglês), que contém os parâmetros técnicos do voo, como a altitude, a velocidade, o desempenho do motor e a trajetória do avião.
“Se conseguirmos analisar as duas caixas-pretas, conseguiremos entender o que ocorreu”, disse Troadec. Os dados técnicos do voo e as conversas dos pilotos são considerados fundamentais para desvendar as causas do acidente com o Airbus da Air France que fazia a rota Rio- Paris, ocorrido em 31 de maio de 2009.
Um navio da marinha francesa está a caminho da área onde está sendo realizada a quinta fase de buscas dos destroços, a cerca de 1,1 mil quilômetros da costa brasileira, para recuperar as duas caixas-pretas do avião, que foram imersas em água doce para evitar a corrosão e seladas, já que se tratam de provas em uma investigação judicial.
Em seguida, elas serão levadas a Caiena, na Guiana Francesa, e enviadas à França por avião.
Segundo o BEA, as caixas-pretas deverão chegar à França nos próximos dez dias. Depois, deverá levar mais alguns dias para saber se os dados, que ficaram submersos quase dois anos a 3,9 mil metros de profundidade, poderão ser analisados.
“Se os gravadores estiverem em ótimo estado, bastará conectá-los a um aparelho para que eles sejam lidos. Se não for o caso, será mais difícil, será preciso ter acesso a cada um dos cartões de memória, por meio de técnicas sofisticadas, para reconstituir o conjunto dos dados”, afirmou o diretor do BEA.
Troadec disse ainda que os investigadores a bordo do navio Ile de Sein já identificaram todas as peças do avião que deverão ser resgatadas por serem úteis às investigações, como os motores e as asas da aeronave.
Essas operações de resgate devem começar “muito em breve”, afirmou. Segundo o comunicado divulgado pelo BEA nesta terça, a caixa-preta com os dados de voz da cabine de pilotagem foi localizada às 21h50 GMT (18h50 em Brasília) na segunda-feira e resgatada pelo robô Remora 6000 às 2H40 GMT (23h40 em Brasília).
fonte/us