A admissão pela CIA na semana passada de que destruiu em 2005 pelo menos dois videoteipes documentando severos interrogatórios (eufemismo para tortura) de suspeitos de terrorismo -em meio a inquéritos na Justiça e no Congresso sobre a questão- sublinha o alto custo moral e político que os EUA estão pagando desde os atentados do 11 de setembro pelos métodos de luta antiterrorista.
Está cada vez mais díficil para o governo Bush trabalhar nas sombras (e o destaque aqui vai para o vice-presidente Richard “Darth Vader” Cheney). A CIA veio a público para confimar a destruição dos videoteipes porque o “New York Times” antecipou no site que estava para revelar a história. A divulgação do relatório da inteligência americana reconhecendo que desde 2003 o Irã suspendera seu programa de fabricação de bombas atômicas em parte aconteceu, de acordo com a revista “”Newsweek” , porque funcionários do setor “temiam vazamentos de informações e acusações de encobrimento”.
Bush constata a realidade garantindo que não irá mudar o curso. Acena com o veto a aprovação pelo Congresso de legislação proibindo afogamento simulado e outros duros métodos de interrogatório de suspeitos de terrorismo. No caso do Irã, ele insiste que a política segue a mesma. É razoável a advertência para a comunidade internacional ficar alerta pois o regime xiita não é de confiança e suspendeu seu programa de desenvolvimento de armas nucleares por ter sido submetido a pressões e monitoramento.
Mas a Casa Branca carece de capital geopolítico (e de credibilidade) e está sendo forçada a reverter o curso em várias frentes. Bush enviou uma carta diretamente ao líder norte-coreano Kim Jong Il. Dirigindo-se a um integrante do chamado “eixo do mal”, o pesidente americano pediu maior “cooperação na implementação de um pacto que desmantele suas armas nucleares em troca de plena normalização das relações”.
E por que não uma grande barganha com o Irã? Este é o clamor em vários setores do establishment americano. Seria necessária uma ousada jogada diplomática, que envolveriam um pleno (e direto) engajamento americano com o Irã e reconhecimento da importância regional do país se o regime de Teerã abandonar o enriquecimento de urânio e apoio a terrorismo no Oriente Medio praticado por grupos-clientes como Hezbollah e Hamas.
Tal jogada exige grandeza presidencial. E como escreve Joe Klein na edição corrente da revista”Time”, exige outro presidente, na medida em que Bush parece “carecer do desejo, criatividade e paciência para se engajar na mais importante diplomacia que uma naçao pode enfrentar -com seus inimigos- sobre questões que podem significar a diferença entre paz e guerra”. Bush não está preparado para sair das sombras.
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