Brasil x Argentina é sinônimo de grandes emoções. Hoje, às 21h50, no Mineirão, esse clássico do futebol mundial ganhará novos ingredientes. Um tempero apimentado, mais até do lado brasileiro. O técnico Dunga vai entrar em campo pressionado após dois resultados negativos e pelo fato de a seleção ter caído para o quinto lugar, com a goleada do Uruguai por 6 a 0 sobre o Peru, ontem à noite. Isso significa que, no momento, o Brasil iria apenas para a repescagem. Novo tropeço pode colocar em xeque, mais uma vez, o trabalho de Dunga e seu grupo. A Argentina também joga sob tensão.
Ao assumir a seleção em 2006, Dunga foi contestado. Seria a melhor opção para o cargo? Com o tempo, as críticas não cessaram, mas a conquista da Copa América no ano passado fez com que ele respirasse aliviado e desse uma resposta em campo. Agora, novamente passa por um mau momento. A vexatória derrota para a Venezuela, por 2 a 0, num amistoso no dia 6, e o tropeço diante dos paraguaios no domingo (2 a 0) fizeram com que a seleção entre hoje em campo pressionada. Uma vitória sobre a Argentina tornou-se obrigação. “Temos de nos superar e voltar a jogar como antes”, pediu Dunga. “Vamos render mais nesse jogo do que contra o Paraguai.”
Na segunda-feira, Dunga deu a entender que mudaria o time. No treino de ontem, no Mineirão, o treinador realmente resolveu dar nova cara à equipe. Como esperado, Anderson entrou na vaga de Josué. E Júlio Baptista ficou no lugar de Diego, o único atleta que vinha fazendo a função de armador, já que Kaká ainda não atuou pela seleção em 2008. A outra novidade pode ficar no ataque, com Adriano ao lado de Robinho – Luís Fabiano iria para o banco. Essa dúvida ainda persiste.
Com essa armação, o Brasil ganharia em força e na qualidade do passe. Anderson, apesar ter aparecido como meia ofensivo no Grêmio, virou volante no Porto, e no Manchester United ajuda na marcação. Contra o Paraguai, atuou de forma mais ofensiva e ajudou Diego na armação. Hoje, deve jogar mais adiantado com Julio Baptista e servindo os atacantes.
Os jogadores sabem que o Brasil não passa por boa fase, mas evitam falar em crise. “Na seleção sempre há pressão e o jogador tem de estar acostumado”, discursa Robinho. “Estamos buscando confiança e isso só acontece com vitória.”
No último jogo que fez no Brasil, a seleção sofreu para bater o Uruguai, em novembro passado, no Morumbi, de virada, por 2 a 1. Contra a Argentina, os atletas têm noção de que só um bom desempenho vai fazer com que não sejam tão criticados.
A campanha nas Eliminatórias não é das melhores (8 pontos em cinco jogos) e a seleção não pretende sofrer o primeiro revés em casa na história da fase de classificação para uma Copa. Por isso, todos pedem calma aos torcedores que forem ao Mineirão e prometem desempenho satisfatório. “Temos de melhorar o toque de bola e envolver o adversário”, diz Robinho.
Se a derrota para a Argentina será desastrosa, uma vitória pode recolocar a seleção na briga – até em segundo lugar, desde que a Colômbia não vença o Equador. Chegou a hora de o Brasil mostrar o seu valor.