Os maiores bancos do mundo estão prevendo um recorde de fluxo de dólares para o Brasil em 2007, o que deve acentuar a tendência de desvalorização da moeda americana.
Estimativa do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, em inglês), que reúne 340 bancos, é que entrem no país até dezembro US$ 28,8 bilhões líquidos (descontadas as saídas).
O valor inclui apenas o saldo líquido positivo de fluxos de bancos e empresas privadas estrangeiras ao país para investimentos especulativos ou produtivos. Ele deve se somar ainda aos mais de US$ 40 bilhões previstos para entrar no país via comércio exterior (com exportações estimadas em US$ 157 bilhões e importações de US$ 115 bilhões).
O dinheiro estrangeiro previsto para o Brasil equivale a mais que o dobro do apurado pelo IIF em 2006 e a mais da metade dos US$ 55 bilhões em fluxos líquidos previstos neste ano a todos os países da América Latina (que receberá US$ 15 bilhões a mais neste ano).
Para o conjunto de países emergentes do mundo, o IIF prevê um fluxo total positivo de US$ 544,9 bilhões. Mais da metade desse valor será dirigida aos países asiáticos, com China e Índia liderando o bloco.
Desse fluxo total de mais de meio trilhão de dólares em 2007 em direção aos emergentes, a fatia brasileira será de 5,3%, bem acima dos 2,3% que ingressaram no ano passado.
Dólar em queda livre
Desde o início do ano, o dólar já sofreu desvalorização de quase 11% devido à grande oferta de moeda norte-americana no mercado.
O Banco Central já adquiriu, nos cinco primeiros meses de 2007, mais dólares para reforçar suas reservas e tentar segurar as cotações do que durante todo o ano de 2006.
Mesmo assim, a previsão do mercado é novas quedas no preço da moeda americana em razão do saldo comercial acima dos US$ 40 bilhões.
Investimento produtivo
A melhora nos fundamentos econômicos das economias emergentes, segundo o IIF, também será premiada em 2007 por um fluxo recorde de investimentos diretos (no setor produtivo) nos países em desenvolvimento.
O volume para este ano é estimado em US$ 193,8 bilhões, ante os US$ 167,3 bilhões de 2006. A América Latina ficará com cerca de US$ 42 bilhões do total, e o Brasil, com cerca de US$ 14 bilhões líquidos (entradas menos saídas).
No ano passado, segundo os números do IIF, o Brasil teve um fluxo contábil negativo nessa conta (-US$ 7 bilhões) em razão, principalmente, da compra pela Companhia Vale do Rio Doce da mineradora canadense Inco. Foram pagos US$ 18 bilhões no negócio.
Capital especulativo
O Brasil também será o principal destino, na América Latina, de capitais especulativos, com um fluxo que deve ultrapassar os US$ 5 bilhões no ano.
O relatório do IIF também prevê que apenas Brasil e Chile registrem crescimento maior do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano em relação a 2006. A previsão dos banqueiros para o Brasil é de crescimento de 4,6% (3,7% no ano passado). Na América Latina como um todo, o crescimento médio ficaria em 4,7%, ante 5,2% em 2006.
FO